O Observatório das Metrópoles promove o segundo encontro do ciclo de debates “Metrópole, Estado e Capital” no dia 16 de abril, com o objetivo de interpretar as transformações vividas pelas metrópoles brasileiras no século XXI. Sob o tema “O Brasil e a América Latina na nova geopolítica mundial”, o professor Carlos Eduardo Martins analisa os efeitos do projeto neoliberal na América Latina – aprofundamento da condição periférica, aumento da pobreza, entre outros – e as novas forças sociais e políticas que surgiram capazes de promover a integração regional latino-americana. O debate será transmitido ao vivo pela webTV UFRJ.
O ciclo de debates “Metrópole, Estado e Capital: o urbano na atual etapa da ordem capitalista no Brasil. Mudanças? Fundamentos teóricos” é mais uma das ações que o Observatório das Metrópoles vem realizando em 2013 a fim de produzir um estudo comparativo sobre as 15 principais regiões metropolitanas do país, relacionando as mudanças econômicas, sociais e políticas às dinâmicas urbanas nacionais, regionais e locais. Vinculado ao Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), o projeto tem como objetivo oferecer uma análise mais completa sobre a evolução urbana brasileira, servindo assim de subsídio para a elaboração de políticas públicas nas grandes cidades e para o debate sobre o papel metropolitano no desenvolvimento nacional.
O primeiro debate do ciclo “Metrópole, Estado e Capital” contou com a participação do professor Carlos Eduardo Martins, doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor adjunto e chefe do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e um dos coordenadores da “Latinoamericana: Enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe” (Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção em 2007); e co-organizador de “A América Latina e os desafios da globalização” (2009). Em 2011, publicou “Globalização, dependência e neoliberalismo na América Latina” no qual cumpre a difícil tarefa de atualizar as teorias sobre esses três conceitos-chave para o pensamento contemporâneo e a compreensão das sociedades, sobretudo as periféricas.
E é com o propósito de compartilhar as ideias do livro “Globalização, dependência e neoliberalismo” que Carlos Eduardo Martins participa mais uma vez do ciclo de debates do Observatório das Metrópoles. No segundo encontro com data marcada para o dia 16 de abril de 2013, no auditório da FAU/UFRJ, Martins vai tratar dos novos padrões de desenvolvimento da América Latina em um contexto de dependência no sistema mundial. Quais as oportunidades para os países de região no rearranjo das forças políticas-econômicas internacionais no atual contexto do neoliberalismo? E qual o papel das metrópoles latino-americanas diante dessa questão?
O debate será transmitido ao vivo pela webTV/UFRJ. A parceria proposta pelo INCT Observatório das Metrópoles com a Coordenadoria de Comunicação da UFRJ é mais uma ação com foco na produção de conhecimento em rede, superando fronteiras inter e intra universitárias, disciplinares, das políticas setoriais e regionais a fim de promover o debate de ideias para a construção de um pensamento metropolitano. “A transmissão ao vivo possibilitará a participação de todos os nossos pesquisadores, presentes em 15 metrópoles brasileiras; eles poderão acompanhar o debate teórico e ajudar na construção interpretativa deste momento histórico que vive o Brasil”, explica o professor Luiz Cesar Ribeiro.
Para ver a transmissão da webTV UFRJ, acesse aqui.
Serviço
O Brasil e a América Latina na nova geopolítica mundial
Palestra: Prof. Dr. Carlos Eduardo Martins (UFRJ)
Data: 16/04
Local: Auditório da FAU/ UFRJ
Horário: 9h 30
Leia a seguir o trecho do artigo “Tendências da economia mundial e perspectivas da América Latina”, do professor Carlos Eduardo Martins, publicado no blog da Boitempo Editora.
Tendências da economia mundial e perspectivas da América Latina
Por Carlos Eduardo Martins
Abre-se uma janela de oportunidade para a América Latina, mas o seu aproveitamento exige o enfrentamento do legado neoliberal. Os efeitos do projeto neoliberal na América Latina foram drásticos: desnacionalização, desindustrialização, aprofundamento da condição periférica, aumento da pobreza e da precarização do trabalho, autoritarismo e instabilidade política, crise cambial e do balanço de pagamentos.
A partir da crise que se inicia na região em 1998 e se prolonga até 2003 surgem novas forças sociais e políticas na região que buscam enfrentar o legado neoliberal de duas formas: radicalmente ou gradualmente. Isto deu lugar, no primeiro caso, ao ressurgimento do nacionalismo revolucionário que assume a integração regional como parte central de seu projeto e que tem diversos matizes conforme a relação e o grau de autonomia entre os seus dirigentes políticos, a burocracia estatal e os movimentos populares. Este projeto tem sua expressão mais radical na Venezuela de Chavez, na Bolívia de Evo Morales, no Equador de Rafael Correa, mas também se expressa de forma mais moderada na Argentina dos Kirchners, ou no Paraguai de Lugo.
Trata-se de restabelecer o papel do Estado na organização de economia por meio da nacionalização dos recursos naturais estratégicos ou da apropriação pública da maior parte da renda mineira ou da terra; da nacionalização ou forte presença reguladora em serviços essenciais como eletricidade, água, telecomunicações e infra-estrutura; da criação de uma arquitetura financeira e empresarial e de políticas públicas voltada para o estabelecimento de altas taxas de investimento direcionadas à expansão do mercado interno, redução de assimetrias, desigualdades, pobreza e elevação do valor da força de trabalho, mediante aumento do salario direto e indireto (educação, saúde, seguridade, transporte e infra-estrutura públicos).
No segundo caso, se impõe um enfoque gradualista que conserva parte da economia política neoliberal, ainda que busque matizá-la através de políticas sociais e da política externa. O principal caso na região é o Brasil de Lula e Dilma.
Para ler o artigo na íntegra, acesse o blog da Boitempo Editora.
Última modificação em 16-04-2013