Desde outubro de 2018, a BH em Ciclo – Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte vem vistoriando toda a infraestrutura cicloviária de Belo Horizonte, utilizando-se da metodologia do IDECiclo – Índice de Desenvolvimento Cicloviário. Após mais de 200 km pedalados, em todas as regionais, foram vistoriados todos os aproximadamente 90 km malha cicloviária da cidade, permitindo que a BH em Ciclo pudesse conhecer cada metro da estrutura cicloviária da cidade.
Com a aplicação do IDECiclo, teve-se conhecimento sobre quais trechos das ciclovias são os melhores, quais são os piores, em cada um dos 17 parâmetros do Índice. Tem-se também uma nota total para cada ciclovia e uma para toda a cidade.
Nas palavras de Amanda Corradi, uma das coordenadoras do IDECiclo, “A aplicação do índice fornecerá subsídios à formulação de políticas e projetos que estejam em consonância com os objetivos estratégicos do Plano de Mobilidade (PlanMob-BH) da cidade e também com o PlanBici – Plano de Ação para Mobilidade Urbana por Bicicleta.”
Dentre os objetivos do IDECiclo em Belo Horizonte, lista-se:
- Contribuir na produção e divulgação de informações sobre a mobilidade urbana por bicicleta em Belo Horizonte;
- Dar subsídio para sociedade civil discutir, dialogar e incidir sobre a infraestrutura cicloviária de Belo Horizonte; e
- Dar insumos à discussão sobre a política da bicicleta na capital mineira.
Um dos resultados alcançados pelo IDECiclo foi a descoberta que a quantidade de quilômetros cicloviários de Belo Horizonte divulgados oficialmente pela BHTRANS, aproximadamente 89 km, não está correta. Outra descoberta foi que há inúmeras estruturas cicloviárias na cidade sem nenhuma sinalização, desconfigurando-as como ciclovias.
Para saber mais sobre esses dois resultados, a BH em Ciclo está promovendo dois eventos de divulgação do IDECiclo. O primeiro evento, a apresentação dos resultados inéditos da aplicação do IDECiclo – Índice de Desenvolvimento CIcloviário de Belo Horizonte, será no dia 13 de novembro, quarta-feira, às 18h30min, no Plenário JK da Câmara Municipal de Belo Horizonte.
Para Guilherme Tampieri, coordenador do IDECiclo e pesquisador no tema de mobilidade urbana por bicicleta, “a bibliografia tem nos mostrado a importância de se entender uma política da bicicleta em três grandes eixos: infraestrutura em suas várias formas (hardware); arranjos e processos políticos de intercâmbio, diálogos, negociações, aprendizados entre os vários atores (orgware); e processos educativos e formativos (software). A aplicação, sistematização e publicização de um Índice que avalia a condição da infraestrutura cicloviária é parte fundamental do processo de se estruturar o eixo hardware dessa política da bicicleta em Belo Horizonte“.
O segundo é o lançamento do documentário inédito sobre a aplicação do Índice em Belo Horizonte e será na exibido no dia 14 de novembro, no Kasa Invisível (Av. Bias Fortes, nº 1034), às 19h30min. A partir das 18h30min, as portas do local estarão abertas aos espectadores.
O documentário, produzido pela BH em Ciclo, mostra como surgiu o o #IDECiclo, como foi a aplicação dele em BH e também conta a história de ciclistas que, diariamente, colocam suas bicicletas pelas ruas, avenidas e ciclovias e ciclofaixas da capital mineira. Nas palavras de Marcos Gomes, produtor do documentário e também coordenador do IDECiclo, “mostrar à população o estado da arte das infraestrutura cicloviárias da cidade é uma forma de compartilharmos com todas e todos que se interessam pelo assunto o conhecimento que adquirimos aplicando o IDECiclo. É uma maneira de democratizar o conhecimento técnico e, também, mobilizar e engajar mais gente na luta por uma Belo Horizonte cada vez mais segura, confortável e chamativa para quem se desloca de bicicleta.”
A BH em Ciclo
A BH em Ciclo – Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte é uma associação sem fins lucrativos formada por cidadãos que pedalam em Belo Horizonte, que compreendem a bicicleta como meio de transporte e que acreditam que os belo-horizontinos são capazes de se locomover de maneira mais sustentável pela cidade. A Associação teve sua constituição pautada na compreensão de que é preciso defender, priorizar e promover a bicicleta no planejamento e gestão da mobilidade urbana na cidade e na defesa do direito de se pedalar pela cidade de forma segura e confortável.
Dentre seus objetivos, destacam-se: promover a bicicleta como meio de transporte; discutir com gestores públicos questões acerca da mobilidade urbana; dialogar com ciclistas de Belo Horizonte para ouvir suas demandas, participar do planejamento urbano da cidade; e levantar dados sobre a mobilidade ativa e o perfil das e dos ciclistas de Belo Horizonte.
Seguindo seus objetivos e agindo dentro de uma de suas seis áreas de atuação, a de Pesquisa, a BH em Ciclo compreende as avaliações dos aspectos ligados à política cicloviária como um instrumento fundamental no planejamento das políticas públicas para o fomento do uso da bicicleta como um modo de transporte e, além disso, como um ferramentas para subsidiar o controle e a participação social.
O IDECiclo
O IDECiclo é uma metodologia de análise da estrutura cicloviária das cidades. Ela considera critérios relativos à cobertura da malha, velocidades máximas das vias, segurança e conforto de ciclistas, entre outros.
O resultado do índice pode utilizado para comparar quanti e qualitativamente a situação de uma mesma malha ao longo do tempo e em diferentes cidades. A metodologia de cálculo inclui 17 parâmetros em duas categorias, Conforto e Segurança, e que permitem avaliar diversas tipologias cicloviárias. São eles:
- Declividade (Conforto)
- Proteção da estrutura (Segurança)
- Controle de velocidade máxima da via (Segurança)
- Continuidade da sinalização horizontal nos cruzamentos (Segurança)
- Largura da estrutura cicloviária (Segurança)
- Sinalização horizontal (Segurança)
- Sinalização vertical ao longo da infraestrutura (Segurança)
- Sinalização vertical nas vias que cruzam a infraestrutura (Segurança)
- Padrão de pintura (Segurança)
- Condição da sinalização horizontal (Segurança)
- Situações de risco (Segurança)
- Sinuosidade do traçado (Segurança e conforto)
- Iluminação da infraestrutura (Segurança e conforto)
- Sombreamento (Conforto)
- Tipo de pavimento(Conforto)
- Situação do pavimento (Conforto)
- Existência de obstáculos (Conforto)
Transparência: a aplicação do IDECiclo em Belo Horizonte só foi possível com a participação – e seleção – da BH em Ciclo no edital do Fundo Socioambiental, que selecionou projetos a serem apoiados financeiramente. Todo o projeto do IDECiclo, desde o treinamento de pessoas para aplicação da metodologia, passando pelo pagamento da equipe técnica, até a produção do documentário totalizaram R$ 29.000,00.