A revista Cadernos Metrópole convida pesquisadoras e pesquisadores das diversas áreas de conhecimento, que abordam a questão urbana e regional, a enviarem artigos sobre o tema “Crise climática, cidades e reforma urbana”, referente à edição nº 58.
Com organização de Ana Lúcia Britto (PROURB/UFRJ) e Zoraide Souza Pessoa (IPP/UFRN), o dossiê visa reunir trabalhos que possam discutir a crise socioambiental e climática global e os seus reflexos para as cidades e sua interface com o debate da reforma urbana em perspectiva crítica, aplicada e de casos. Os artigos podem ser redigidos em língua portuguesa, espanhola, inglesa ou francesa.
A revista, um dos principais produtos do Observatório das Metrópoles, é A1 no Qualis/CAPES para a área de Arquitetura e Urbanismo.
A data limite para o envio de artigos é 15 de dezembro de 2022.
Crise climática, cidades e reforma urbana
Organizadoras: Ana Lúcia Britto e Zoraide Souza Pessoa
Entre os problemas ambientais mais preocupantes, está a crise climática global em curso, cujos desafios recaem sobre os territórios urbanos de forma intensa, requerendo respostas urgentes. No contexto atual, as cidades são o principal lócus da manifestação do agravamento das condições de suscetibilidades às ameaças dos riscos climáticos. Globalmente, as cidades são as principais fontes de gases de efeito estufa (GEEs), e sua alta densidade populacional, estruturas desiguais e ecossistemas naturais sensíveis tornam-nas potenciais focos de vulnerabilidade aos impactos das mudanças climáticas, como inundações, enchentes, secas, ondas de calor, entre outros eventos extremos climáticos. O problema afeta todas as cidades, mas é potencialmente grave nos países do Sul Global e, particularmente, no Brasil, onde as desigualdades, a injustiça socioambiental e a ausência de uma reforma urbana efetiva são marcantes.
As ações de combate às alterações climáticas nas cidades devem se assentar numa abordagem dupla de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, ou seja: de mitigação das alterações climáticas, com vista à redução das emissões de gases de efeito estufa; e adaptação às mudanças climáticas, visando a reduzir a vulnerabilidade dos impactos por elas induzidos. As políticas de mitigação e adaptação mais adequadas podem diferir muito de um lugar para outro e devem estar incorporadas no planejamento territorial. No contexto brasileiro, a perspectiva de mitigação, voltada para a redução dos gases dos efeitos estufa, não foi efetivamente incorporada nas agendas urbanas. Tal aspecto é evidente, diante dos eventos de chuvas extremas recentes em diferentes cidades do País, com consequências desastrosas, sobretudo para os mais vulneráveis. Esses eventos demonstram como as cidades estão pouco preparadas para lidar com a crise climática, revelando graves situações que podem ser qualificadas de injustiça climática.
Entende-se que as políticas de adaptação devem necessariamente estar associadas a uma reforma urbana que permita um bem-estar urbano para todos, viabilizando acesso a moradia, serviços e recursos básicos existentes na cidade, mas que também estejam integradas a mudanças comportamentais de viver e ao consumo urbano. Elas devem ser associadas a estratégias de planejamento e de governança urbana, ambiental e climática, orientadas pela justiça ambiental, que promovam dinâmicas sustentáveis de reprodução das cidades e reforcem a sua capacidade de resiliência.
Diante desse contexto, iremos, nesta chamada, privilegiar a seleção de artigos que possam discutir a crise socioambiental e climática global e os seus reflexos para as cidades e sua interface com o debate da reforma urbana em perspectiva crítica, aplicada e de casos. Serão consideradas proposições teóricas discursivas, assim como também serão considerados estudos aplicados que reflitam diretamente sobre as temáticas desta chamada.
Data-limite para envio dos trabalhos: 15 DE DEZEMBRO DE 2022.
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