Skip to main content

Censo 2010: periferia da RM de Natal cresce mais que o dobro do estado

By 24/08/2011dezembro 4th, 2017Notícias

Análise elaborada pelos pesquisadores do INCT Observatório das Metrópoles, tendo como base os dados do Censo 2010, aponta que o conjunto dos municípios periféricos da RM de Natal cresceu, na última década, 2,88% ao ano, mais que o dobro da taxa de crescimento do Rio Grande do Norte no período. Os dados sugerem a desconcentração da população do município pólo, com maior crescimento demográfico na periferia.

O estado do Rio Grande do Norte apresentou crescimento populacional no período 2000 – 2010 de 1,33% ao ano, crescimento esse um pouco menor do que o registrado na década anterior. Entre 1991 e 2000 o estado cresceu à taxa de 1,58 % ao ano. Com relação às meso-regiões do Estado, o maior crescimento populacional ocorreu na região Leste, onde se situa a Região Metropolitana de Natal. Nesta meso-região o crescimento foi de 1,77 % ao ano, entre 2000 e 2010. A meso-região Central foi a que apresentou o menor crescimento da população, 0.58% ao ano no período 2000-2010.

Esses resultados apontam para um processo de concentração populacional no estado do Rio Grande do Norte, em direção à Região Metropolitana de Natal. Em 2000, a RM era responsável por 40,2% da população estadual e, esse número subiu para 42,3% em 2010. Essa concentração ocorre de tal forma que, cotejando os dois últimos censos demográficos, nenhuma outra região do Rio Grande do Norte aumentou sua participação relativa na distribuição populacional.

Perfil demográfico em 2010

A distribuição por sexo da população norte-riograndense em 2010 mostra equilíbrio entre homens e mulheres. No estado em geral, 48,89% são homens e 51,11% são mulheres. O maior diferencial entre os sexos ocorre na capital, Natal, onde 52,98% dos habitantes são do sexo feminino. Em apenas uma meso-região do estado há mais homens do que mulheres. Na região Agreste Potiguar, 50,13% dos habitantes são do sexo masculino. O cenário, portanto, é de que no interior do estado, assim como na periferia metropolitana, há equiparação entre homens e mulheres. A maior diferença entre sexos ocorre na RMN em virtude do que ocorre no município de Natal.

Essa composição segundo o sexo, com maior diferencial pró-mulheres em Natal, pode ser reflexo de dois fenômenos: 1) maior atração de imigração feminina para o município de Natal. Os dados disponíveis do censo 2010 para migração ainda não estão disponíveis, mas com os dados do censo 2000 verifica-se que entre os imigrantes de Natal, que vieram de algum outro município da RMN, 18% eram empregados de serviços domésticos, que é uma ocupação mais freqüente entre mulheres. 2) Outro aspecto que cabe destacar é que a violência na RMN e, particularmente no município de Natal, praticamente dobrou em dez anos, entre 1998 e 2007, e os homicídios são muito mais frequentes entre os homens. Freire e Silva (2010) estimaram que, na RMN em 2007, o risco de um homem ser assassinado era 19,55 vezes maior que uma mulher vir a ser morta por homicídio.

Já o índice do idoso no Rio Grande do Norte foi, em 2010, de 27,86, o que significa que temos 27,86 idosos para cada 100 jovens com 14 anos ou menos. O município de Natal está bem acima da média do estado, com índice de envelhecimento igual a 32,37. Contudo, quando observa-se o entorno de Natal, verifica-se que os municípios periféricos da RMN possuem índices bem menores. Em toda a literatura sobre migração observa-se que o migrante é mais jovem do que a população não migrante, salvo exceções de movimentos migratórios mais específicos. Em geral, os movimentos migratórios tendem a rejuvenescer a população do local de destino e envelhecer o local de origem. No processo de “espraiamento” da mancha urbana da RMN parece que está ocorrendo esse fenômeno. A população que deixa Natal em direção ao seu entorno provavelmente tem um perfil mais jovem do que a população que permanece na capital. Além disso, pelo maior custo de vida, a começar pelo maior preço de imóveis, o imigrante em Natal deve ter um perfil etário de idade mais avançada do que o emigrante da capital, excetuando-se a imigração por trabalhos domésticos na capital.

Estrutura etária

No que se refere à estrutura etária propriamente dita, as pirâmides etárias mostram que o Rio Grande do Norte segue a mesma tendência do Brasil como um todo, ou seja, população numerosa em idades jovens e medianas, redução acentuada da população infantil, sobretudo nos primeiros dois grupos etários e aumento da população de idades mais avançadas.

O ritmo das mudanças de estrutura etária aparenta-se homogêneo ao longo das regiões do estado. A diferença a ser ressaltada está na pirâmide da meso-região agreste. A partir desta pirâmide, é possível inferir que o processo de transição demográfica, sobretudo a transição da fecundidade, nesta região foi mais tardio do que nas demais, uma vez que a população mais numerosa na região agreste está nos grupos etários de 10 a 14 e 15 a 19 anos. Nas demais regiões os grupos etários mais numerosos são: 20 a 24 e 25 a 29 anos. Contudo, cotejando as pirâmides etárias da região agreste entre os anos 2000 e 2010, observa-se que a fecundidade tem caído de forma muito acentuada, pois a diferença nesses dois anos nos dois grupos etários iniciais é bem maior nesta região.

Conclusões

Os dados do Censo de 2010, associados a outros estudos realizados pelo Observatório das Metrópoles- Núcleo Natal- indicam tendência de crescimento na faixa litorânea, tanto ao norte quanto ao sul de Natal. Outra tendência importante confirmada pelos dados censitários é a de consolidação da mancha urbana principal que ocorre a partir do crescimento de Natal em direção à Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Extremoz, ratificando o maior crescimento populacional na periferia da RMN, configurando um “espraiamento” da população ao longo da região. Abertos os dados da RMN considerando Natal e sua “periferia” observa-se que as taxas de crescimento populacional continuam mais elevadas na “periferia que no pólo metropolitano. Constata-se que a RMN continua aumentando populações em relação as demais meso-regiões potiguares.

Acesse aqui a análise completa.