Capital financeiro, cidade dispersa, espaço segregado
Nas últimas décadas, o modo de produção capitalista tem passado por importantes transformações, dentre as quais se destacam a maior mobilidade e flexibilidade de um capital crescentemente desregulado e financeirizado. Nesse contexto, um novo espaço consumido e produzido pelo capital em mutação surge, caracterizado pela urbanização do planeta, na qual se destacam as grandes metrópoles dispersas e marcadas pela segregação. Neste artigo, Adriano Botelho trata algumas das relações entre as transformações do capitalismo contemporâneo e a produção do espaço, elemento cada vez mais estratégico para a reprodução do capital financeirizado.
O artigo “Capital volátil, cidade dispersa, espaço segregado: algumas notas sobre a dinâmica do urbano contemporâneo”, de Adriano Botelho, é um dos destaques do Dossiê: “Direito à Cidade na Metrópole”, da Revista Cadernos Metrópole nº 28.
Abstract
In the last decades, capitalism has been undergoing important transformations, among which we highlight the greater mobility and flexibility of an increasingly deregulated and financialized capital. In this context, a new space, consumed and produced by this capital in mutation, has emerged, characterized by the world’s urbanization, in which we can highlight the large dispersed and segregated metropolises. This paper aims to deal with some of the relations between the transformations in contemporary capitalism and space production, an element that is becoming more and more strategic to the reproduction of the financialized capital.
Introdução
Na introdução do artigo, Botelho afirma que o desenvolvimento do ambiente construído possui estreita relação com as transformações observadas no modo de produção capitalista. A maior mobilidade do capital, sua expansão geográfica, ainda que em pontos selecionados do planeta, a “compressão espaço-temporal” (Harvey, 1993) derivada nas revoluções nos meios de transporte e de comunicações, o processo de crescente financeirização dos circuitos do valor, acompanhada pela desregulamentação dos mercados, que se tornam altamente instáveis e voláteis, são alguns dos elementos que caracterizam esse modo de produção nas últimas décadas e que constituem parte de sua resposta à crise econômica iniciada na década de 1970. Sendo que tais transformações têm seu correlato espacial: a dispersão do tecido urbano, o aprofundamento do processo de segregação socioespacial e a constante degradação da vida nas grandes cidades do planeta.
É nesse sentido que o artigo tem por objetivo relacionar os recentes movimentos de transformação do capital, sobretudo sua financeirização e sua desregulamentação, com a dinâmica urbana de dispersão e de aprofundamento da segregação socioespacial, em um contexto em que a produção e o consumo do espaço passam a ser elementos estratégicos para a acumulação do capital, acumulação que é cada vez mais dependente dessa produção e desse consumo (Lefebvre, 1999).
Grandes operações de rearranjo urbanístico são levadas a cabo pelo Estado, atendendo a interesses privados ligados ao capital monopolista, com a finalidade de criar novos espaços que sirvam à lógica da reprodução capitalista. A desregulamentação crescente do mercado, um dos pilares do credo neoliberal hegemônico nas políticas econômicas das últimas décadas, tem, por sua vez, sua contraparte espacial: a dispersão do espaço construído, a proliferação de áreas cercadas e de acesso restrito, a segregação dos mais pobres em áreas distantes dos centros de produção, consumo e lazer.
Para ler o artigo completo “Capital volátil, cidade dispersa, espaço segregado: algumas notas sobre a dinâmica do urbano contemporâneo”, de Adriano Botelho, acesse a edição nº 28 da Revista Cadernos Metrópole.
Revista Cadernos Metrópole nº 27 – As Metrópoles na Representação Política
Última modificação em 06-12-2012 14:56:58