Para celebrar os cinquenta anos da Capital Federal do Brasil, comemorados no dia de hoje, o Observatório das Metrópoles apresenta uma série de trabalhos acadêmicos que falam sobre a atual situação da capital. Questões como a retomada da discussão sobre a criação do Estado do Planalto, a compreensão das formas de produção do espaço no Aglomerado Urbano de Brasília e a estrutura perversa da cidade, projetada intencionalmente para não permitir a circulação de pessoas nos grandes locais públicos, principalmente as de baixa renda, são alguns dos temas debatidos pelos especialistas.
Refletindo sobre a criação do Estado do Planalto*, o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, Frederico de Holanda, entende que a retomada do debate não tem origem em aspectos técnico-administrativos, e sim políticos. Apresenta o DF e sua perversa estrutura territorial, onde 90% da população que mora fora do Plano Piloto percorre dezenas de quilômetros atrás dos quase 50% dos empregos totais da metrópole que estão dentro do Plano.
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Ainda no debate sobre a questão estrutural da cidade, o pesquisador do Observatório das Metrópoles, Rômulo José da Costa Ribeiro fala da apropriação dos espaços públicos e privados pelas camadas de baixa renda. Os espaços públicos em Brasília são desprovidos de quaisquer elementos que permitam a permanência, e em alguns casos até a própria circulação das pessoas, que passam a circular principalmente em espaços privados. A lógica é perversa, visto que a população de baixa renda depende, em sua maioria, de transporte coletivo, nos fins de semana e feriados, quando esse não opera ou tem reduzida sua circulação para as linhas periféricas. O autor então discute a necessidade do planejamento urbano na cidade, defendendo uma visão inovadora e flexível que dê conta da demanda por moradia no Distrito Federal.
O tema também foi objeto da tese de Rômulo Ribeiro que, através de índices e indicadores que expressam características e comportamentos da cidade, demosntrou que o Plano Piloto e suas imediações apresentam melhores qualidades para todos os índices levantados enquanto quanto mais afastados desse centro piores se tornam as condições de qualidade de vida.
Clique aqui e leia a tese Índice composto de qualidade de vida urbana : aspectos de configuração espacial, socioeconômicos e ambientais urbanos, de Rômulo José da Costa Ribeiro .
Já a dissertação escrita por George Alex da Guia trata da compreensão das formas de produção do espaço no Aglomerado Urbano de Brasília, com foco na segregação sócio-espacial. O que o pesquisador observou, tendo como base a tipologia sócio-espacial elaborada pelo Observatório das Metrópoles, foi o aprofundamento de tendências dadas desde a formação do Aglomerado Urbano de Brasília, sobressaindo-se o contínuo processo de periferização dos pobres, agora em direção ao Entorno, e o fortalecimento da auto-segregação de parte dos setores médios, intelectuais e dirigentes nas áreas centrais do Distrito Federal e em suas proximidades.
Última atualização em Qui, 22 de Abril de 2010 08:49