Skip to main content

Ciclo de vida e migração no início do século XXI: o caso da Região Metropolitana de São Paulo

By 06/05/2018maio 23rd, 2018Revistas Científicas

São Paulo- SP, 23/12/2013- Movimento de consumidores na região da rua 25 de março, tradicional centro do comercio popular da cidade, na véspera do natal.

As migrações internas no Brasil vêm se alterando consideravelmente nas últimas décadas. Atualmente as grandes metrópoles se configuram como as principais áreas de articulação da mobilidade espacial da população no território, haja vista o volume de indivíduos que para elas se dirige e que, ao mesmo tempo, delas parte. Neste artigo para o dossiê “Mobilidade espacial” da Revista Cadernos Metrópole nº 41, Marden Campos analisa as características dos imigrantes da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) com base nos dados do Censo Demográfico de 2010.

Os resultados mostram uma forte relação entre ciclo de vida, arranjo domiciliar e atributos socio-demográficos dos migrantes. Acredita-se que o avançado nível de urbanização da RMSP tem intensificado a seletividade migratória em relação tanto aos atributos individuais quanto às redes de suporte dos migrantes, configurando seus padrões de formação domiciliar nos locais de destino.

O artigo Ciclo de vida, estrutura domiciliar e migração no início do século XXI: o caso da Região Metropolitana de São Paulo, é um dos destaques da Revista Cadernos Metrópole edição nº 41.

Abstract

Internal migration has been changing considerably in recent decades in Brazil. Nowadays, large metropolises are the main areas of articulation of the population’s spatial mobility in the territory, given the volume of individuals that go to them and, at the same time, depart from them. The objective of this article is to analyze characteristics of the internal migrants who went to the São Paulo Metropolitan Region based on data from the 2010 Demographic Census. The results show a strong relationship between life cycle, household structure and socio-demographic attributes of migrants. We believe that the region’s advanced level of urbanization has led to the exacerbation of migratory selectivity in relation to the migrants’ individual attributes and support networks, configuring their residence patterns at their destination.

INTRODUÇÃO

Por Marden Campos

As migrações internas no Brasil vêm passando por alterações consideráveis nas últimas décadas. Caracterizadas, em meados do século XX, por famílias que partiam das regiões economicamente mais estagnadas do País em direção às capitais da região Sudeste e às principais áreas de fronteira agrícola e mineral do Norte e Centro-Oeste; a partir da década de 1980, começam a apresentar modificações tanto nos tipos de migrantes como nas regiões envolvidas nos processos migratórios.

Nesse período, inicia-se uma desconcentração espacial da população, marcada pela redução dos saldos migratórios observados nas metrópoles do Sudeste e pela migração de retorno para as regiões tradicionais de emigração. Começam a ser observadas, também, seguidas ondas de emigração internacional. Isso ocorre, importante salientar, em adição aos antigos fluxos populacionais, que não cessam por completo. Configura-se, assim, o perfil atual da mobilidade no Brasil, marcada por forte circularidade da população e por novas formas de deslocamento espacial, como movimentos pendulares, mobilidade sazonal e migração de curta duração.

Em meio a toda essa complexidade, atualmente as grandes metrópoles assumem um novo papel, de centros articuladores da mobilidade da população pelo território. O volume de indivíduos que para elas se dirige e que delas parte continuamente, aliado à diversidade das formas de deslocamento espacial, além das dificuldades de estabelecimento e moradia nos grandes centros urbanos, tende a intensificar a seletividade da migração em relação a diversos atributos individuais e familiares.

O objetivo deste artigo é analisar as características dos migrantes que se dirigiram para a Região Metropolitana de São Paulo – RMSP entre 2000 e 2010, com origem em outros municípios do País, com base nos dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística.

As variáveis principais utilizadas para a análise são os perfis etários de migração (indicadores de ciclo de vida individual) e a com- posição do domicílio em termo de migrantes (indicador de estrutura domiciliar de migração). Para aprofundamento do estudo, serão utilizadas as variáveis sexo, unidade da federação de nascimento e de residência anterior, nível de instrução, atividade econômica e renda.

O uso dos censos demográficos para estudos de migração apresenta uma grande vantagem que é a análise da composição domiciliar dos migrantes nas regiões de destino, possibilitando, dentre outros aspectos, estudar- mos um tópico de grande relevância e que ainda é pouco estudado no Brasil: a relação entre migração e estrutura domiciliar.

Leia o artigo completo no site da Revista Cadernos Metrópole.