A 9ª edição do Fórum Urbano Mundial reuniu 165 países para discutir a agenda urbana mundial em Kuala Lumpur, na Malásia, em fevereiro de 2018. Com o objetivo de revisar o papel do fórum desde o início dos anos 2000, novidades e permanências na agenda urbana e perspectivas para o futuro das cidades, o portal Nexo conversou com Orlando dos Santos Jr., pesquisador do Observatório das Metrópoles. Na entrevista, ele afirma que enfrentar o problema das cidades é um desafio fundamental para pensar o nosso futuro. Porém, Orlando Jr. também destaca que prevalece, cada vez mais, um modelo de expansão urbana fundado na segregação e na desigualdade de acesso à infraestrutura urbana. E esse modelo só será superado no conflito e na mobilização social.
A matéria “A esperança no futuro das cidades está no conflito”, publicado pelo portal Nexo, no dia 23 de fevereiro de 2018, representa mais um resultado das ações de difusão científica da Rede INCT Observatório das Metrópoles, que vem se tornando uma referência no debate sobre a questão urbano e metropolitana no Brasil.
Na entrevista para o Nexo, o professor Orlando Alves dos Santos Jr. faz uma avaliação da trajetória das várias edições do Fórum Urbano Mundial. Ele mostra, por exemplo, que a importância central do fórum foi a de colocar a questão urbana como uma questão social. “Discutir os problemas urbanos é algo fundamental se nós quisermos construir um planeta, uma sociedade mais sustentável, justa, democrática, humana. É preciso enfrentar os problemas urbanos para que a gente possa, efetivamente, enfrentar os problemas sociais da nossa era e construir uma nova sociedade. Isso, a meu ver, justifica a criação do fórum. As cidades são fundamentais”, defende.
Apesar do seu papel na articulação entre os vários atores globais sobre o tema das cidades, o Fórum Urbano Mundial, no caso especial dessa última edição na Malásia, não aponta quem são os responsáveis pelos vários problemas enfrentados nas cidades do mundo. Segundo Orlando Jr., a declaração de Kuala Lampur silencia sobre essa questão, isto é, não toca no assunto de que os problemas urbanos atuais são decorrentes desse modelo econômico predominante no mundo. “Um modelo de expansão urbana fundado na segregação, na desigualdade no acesso à infraestrutura urbana, na desigualdade no acesso ao direito à cidade”.
Ademais, o documento Declaração de Kuala Lampur — embora fale de participação, governança etc — nada fala dos processos deliberativos. O documento silencia em relação à crise de legitimidade das instituições democráticas locais e regionais, não fala nada sobre os processos decisórios que são cada vez mais controlados pelas grandes corporações, muitos deles por meio de mecanismos de gestão fundados em parcerias público-privadas (PPPs).
A entrevista completa “A esperança no futuro das cidades está no conflito” com Orlando Alves dos Santos Jr. aborda temas como direito à cidade; a nova pauta da Agenda Urbana; processos de despossessão e corporações financeiras; modelo de desenvolvimento urbano empreendedoristico e as PPPs; violência nas cidades e militarização da vida etc.
Acesse a entrevista completa no site do NEXO.