O INCT Observatório das Metrópoles vem desenvolvendo estudos, ao longo dos últimos anos, com o propósito de averiguar o impacto da segregação urbana sobre o desempenho escolar de crianças e jovens em idade de escolarização. Dois livros foram publicados como resultados dessas pesquisas: “A Cidade contra a Escola?” e “Desigualdades urbanas, desigualdades escolares”, que são agora disponibilizados em pdf para os estudiosos interessados pelo tema. Com esta iniciativa o instituto espera contribuir na ampliação da difusão do conhecimento científico, evidenciando os limites urbanos à diminuição sustentável das desigualdades sociais nas grandes cidades brasileiras.
O Observatório das Metrópoles tem pesquisado (Linha II) o impacto da segregação residencial sobre as oportunidades educacionais por meio do projeto “Organização Social do Território e Desigualdades de Oportunidades Educativas”, dividido em duas frentes de pesquisa. A primeira “Escola e o efeito-vizinhança: o impacto da segregação residencial sobre o desempenho escolar de alunos do ensino fundamental” trata do “efeito-vizinhança” ou impacto da divisão social do território a partir da demanda da educação. Isto é, concentra-se na explicação do efeito da vizinhança sobre os resultados escolares dos alunos a partir de mecanismos de socialização.
Já a segunda “Políticas educacionais e segregação residencial: efeitos sobre a estratificação das escolas de ensino fundamental e médio” concentra-se na oferta da educação, isto é, trata do efeito da segregação residencial e de políticas educacionais sobre a estratificação das escolas. A proposta neste primeiro projeto tem sido responder as seguintes questões: (i) a segregação residencial característica dos aglomerados urbanos metropolitanos exerce impacto sobre resultados escolares, controlando pelo efeito da família e da escola? (ii) que mecanismos do efeito-vizinhança podem ser observados no contexto brasileiro? (iii) os diferentes modelos de segregação dessas cidades implicam em diferentes impactos sobre resultados escolares?
Entre os resultados, o instituto lançou em 2008 o livro “A Cidade contra a Escola? Segregação urbana e desigualdades educacionais em grandes cidades da América Latina”. A publicação contou com a colaboração do professor Ruben Kaztman e o Grupo de Estudos sobre Segregação Urbana (GESU) da PUC Uruguai; e os professores Bryan Roberts e Robert Wilson, da Universidade do Texas, em Austin.
O livro trata do tema da segregação urbana na explicação da reprodução de desigualdades sociais que tem sido amplamente abordado por estudos acadêmicos nas últimas décadas. Entretanto, somente recentemente observamos esforços que, para além do foco sobre origem socioeconômica dos alunos e sobre o “efeito-escola”, tratam a dimensão territorial, ou o “efeito do bairro” e o “efeito-vizinhança”, como capaz de influenciar a distribuição de oportunidades educacionais.
Na América Latina, ainda são poucos estudos que tratam deste tema e o livro vem preencher esta lacuna ao focalizar a seguinte questão: até que ponto a forma como grupos ou classes sociais estão distribuídos no território das grandes cidades latino-americanas pode influenciar as chances de escolarização de jovens e adolescentes? Os estudos desta coletânea introduzem novas propostas para a agenda de pesquisas acadêmicas nesta região e chamam atenção para a importância de se levar em conta a dimensão da segregação residencial na formulação não apenas de políticas na área de educação, mas de quaisquer políticas públicas que visem aliviar desigualdades sociais.
Faça no link a seguir o download de “A Cidade contra a Escola?”.
Desigualdades urbanas, desigualdades escolares
“Desigualdades Urbanas, Desigualdades Escolares” faz parte de um conjunto mais amplo de investigações do Observatório que procuram evidenciar os limites urbanos à diminuição sustentável das desigualdades sociais nas grandes cidades brasileiras. Falando das desigualdades de oportunidades escolares, não obstante o esforço de universalização do ensino básico e do aumento da eficácia escolar, os artigos que compõem a publicação estudam os efeitos dos processos de segregação residencial e segmentação territorial na reprodução das desigualdades educativas.
Com organização de Luiz Cesar Ribeiro, Mariane Koslinski, Fatima Alves e Cristiane Lasmar, o livro Desigualdades Urbanas, Desigualdades Escolares é fruto de uma proveitosa parceria que conta com um histórico de colaboração prévia: o Laboratório de Avaliação da Educação, do Departamento de Educação da PUC – Rio; IFCH/UERJ; IFCS/UFRJ; Faculdade de Educação UFRJ.
O livro apresenta os resultados de quatro anos de pesquisa do Observatório Educação e Cidade sobre os efeitos dos processos de divisão social da cidade nas reais chances de escolarização de crianças e jovens do sistema público de ensino fundamental e traz estudos de pesquisas docente e discente que ilustram a forma como a violência urbana e a segregação resindencial podem afetar, por exemplo, a busca por melhores escolas.
Faça no link a seguir o download de “Desigualdades Urbanas, Desigualdades Escolares”.