A vida urbana, principalmente nas grandes metrópoles, tem revelado um alto grau de desencanto e solidão. Ao invés das cidades serem espaços de convivência e socialização, as más condições de moradia, a dificuldade de mobilidade e a ausência de espaços de lazer parecem estar levando seus cidadãos a um estado de melancolia coletiva. O Observatório das Metrópoles divulga o vídeo “Melancolia na desigualdade urbana” com a participação da arquiteta e urbanista Ermínia Maricato (USP) no programa Café Filosófico. Ermínia, com a lucidez de sempre, afirma que a chamada arquitetura da desigualdade está se aprofundando nos últimos anos, sobretudo com a expansão dos loteamentos fechados.
CAFÉ FILOSÓFICO — ERMÍNIA MARICATO
Não é por falta de lei e de planos que vivemos, no Brasil, uma situação precária de habitação, afirmou a arquiteta, urbanista e professora da USP Maria Ermínia Maricato durante o Café Filosófico CPFL sobre “A melancolia da desigualdade: a cidade dividida”, no dia 12 de agosto de 2016.
Ao lado da psicanalista Maria Rita Kehl, curadora do módulo sobre “A melancolia da vida cotidiana”, a urbanista lembrou que leis, como a de mobilidade urbana, é avançadíssima no país, o que contrasta com o que classificou como uma “realidade arcaica”.
Segundo ela, a chamada arquitetura da desigualdade está se aprofundando nos últimos anos, sobretudo com a expansão dos loteamentos fechados, em detrimento da situação nas periferias, onde “há um esmagamento das nossas mulheres e negros”.
Maricato diz ver com entusiasmo, no entanto, os movimentos de criação e inovação protagonizados pelos jovens destes espaços.
“Lutar pelo coletivo é sempre anti-depressivo”, afirmou. “A forma mais fácil de recuperar a cidadania é perto de casa. Precisamos mudar o destino do município.”
Veja abaixo o vídeo Melancolia na desigualdade urbana por Ermínia Maricato.
Última modificação em 02-05-2017 17:46:21