O Aeroporto Internacional Aluízio Alves, localizado no município de São Gonçalo, foi concebido para ser um novo polo urbano na Região Metropolitana de Natal. O e-book “Natal: transformações na ordem urbana” apresenta um estudo de caso sobre o aeroporto, analisando os processos decisórios, atores e pactos que fazem parte da dinâmica de governança metropolitana do Rio Grande do Norte.
De acordo com Lindijane de Souza Bento Almeida, uma das autoras do estudo, o Aeroporto Aluízio Alves foi concebido “como cidade-aeroportuária, intencionalmente projetada para ser um novo polo urbana na Região Metropolitana de Natal. “A pesquisa mostra que desde a sua concepção o novo aeroporto da RMN pretende ser o ‘hub das Américas’ ou ‘nova porta de entrada para o Brasil’. Esse modelo dialoga, como o aponta Kasarda, com o desevolvimento de um aeroporto com conceito shopping, reunindo serviços de alimentação, cultura e recreação, além de logística e transporte de cargas. Além de que ao redor do aeroporto, são construídos hotéis e entretenimento, centros de convenções, escritórios e zonas de livre comércio”, explica Lindijane e complementa:
“É importante mostrar como a obra de um aeroporto transforma territorialmente a metrópole; também quisemos analisar como os atores políticos se articularam para que o projeto fosse executado”.
O estudo aponta, por exemplo, que ao projeto do equipamento do Aeroporto outras intervenções foram feitas simbolizando mudanças expressivas na dinâmica recente do estado do Rio Grande do Norte e da RMN, tais como: duplicação da BR-101 entre Natal e Recife, construção da ponte sobre o rio Potengi (Ponte de Todos Newton Navarro) ligando o litoral sul ao litoral norte de Natal, além do melhoramento da malha rodoviária, do abastecimento d’água e do esgotamento sanitário nas principais cidades do RN, dos investimentos industriais, apoiados pelo Programa Governamental de Apoio ao Desenvolvimento Industrial (PROADI), e em turismo, entre outros.
Arena, Atores e Processos Decisórios
O caso do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante é um exemplo da influência dos dirigentes políticos para a consolidação de um projeto que se arrasta desde a década de 1990. De acordo com Lindijane Almeida, foi possível identificar diferentes atores que atuam em uma arena política institucionalmente controlada pelo Estado, através da ANAC e Infraero, dirigentes políticos e representantes políticos locais, mercado e, de forma passiva, a sociedade local.
“Apesar do projeto e obras associadas impactares o espaço metropolitano, não foram observadas articulações com vistas a um projeto de governança metropolitana que inclua as transformações esperadas pelo Aeroporto, também não tem se considerado ações consorciais entre os municípios diretamente impactados, notadamente Natal, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante”, argumenta Lindijane.
Segundo a pesquisadora, prevalece no país as negociações políticas a partir de interesses políticos-eleitorais, em detrimento da qualidade e viabilidade técnica dos projetos apresentados. No caso do Projeto do Aeroporto a participação ficou limitada às audiências públicas e as articulações políticas, essas sim, prevaleceram.
Faça o download do e-book “Natal: transformações na ordem urbana” e acesse a análise completa sobre as mudanças urbanas na RMN e o estudo de caso sobre o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante.