Há uma revolução acontecendo nas cidades brasileiras tendo como protagonista os ciclistas urbanos. É o nascimento de uma cultura de mobilidade urbana emergente – focada nos pedestres e ciclistas – em resposta aos desafios sociais, econômicos e ambientais enfrentados pela sociedade brasileira. Diante desse contexto, a Transporte Ativo em parceria com outras nove organizações que atuam na promoção da bicicleta, mais Observatório das Metrópoles e PROURB/UFRJ, lançam o estudo “Perfil do Ciclista Brasileiro” – estudo inédito que tem como objetivo oferecer informações sobre os usuários e o uso da bicicleta como transporte urbano no Brasil.
A publicação Perfil do Ciclista Brasileiro – Parceria Nacional pela Mobilidade por Bicicleta foi lançada nesta quinta-feira (26 de novembro) no Rio de Janeiro. O evento promovido pela Transporte Ativo no Estúdio X (Praça Tiradentes, 48, Centro do Rio) reuniu a equipe nacional que colaborou com a pesquisa.
Na coordenação geral da pesquisa estavam presentes o pesquisador Juciano Rodrigues, do INCT Observatório das Metrópoles; e o pesquisador Victor Andrade, do Laboratório de Mobilidade (LabMob/PROURB/UFRJ). Também estiveram presentes as organizações que atuam pela promoção da bicicleta e que foram responsáveis pela coleta de dados nas cidades participantes, como:
Mobicidade, Ciclocidade, BH em Ciclo, Salvador vai de Bike, Ameciclo Recife, Rodas da Paz, Pedala Manaus, Ciclo Urbano e Bike Anjo Salvador.
Na pesquisa foram entrevistados 5012 ciclistas em dez cidades das diferentes regiões brasileiras: Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Niterói, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Para isso, foram a campo, durante os meses de julho a agosto de 2015, mais de 100 pesquisadores.
Esta é a primeira pesquisa brasileira sobre o perfil dos ciclistas urbanos com abrangência nacional e vem preencher uma lacuna onde até então havia escasso conhecimento sobre os usuários e o uso da bicicleta como transporte urbano no país.
Como aplicação imediata dos dados coletados e analisados nesta pesquisa, tem-se o fornecimento de subsídios para que gestores públicos, urbanistas e outros atores envolvidos formulem uma agenda mais precisa e robusta de políticas públicas e ações de promoção do transporte cicloviário.
Segundo Juciano Rodrigues (Observatório das Metrópoles), estamos vivenciando o nascimento de uma cultura de mobilidade urbana emergente – focada nos pedestres e ciclistas – em resposta aos desafios sociais, econômicos e ambientais enfrentados pela sociedade brasileira. “Apesar dos avanços alcançados, a condição atual das cidades brasileiras está longe da ideal. O padrão de desenvolvimento urbano hegemônico ainda traz o carro particular como protagonista e relega ciclistas e pedestres ao segundo plano. Esta situação tem levado nossas cidades ao colapso e revela a urgência de uma inflexão no modelo de desenvolvimento urbano brasileiro”, explica e completa:
“Essa publicação quer contribuir para a transformação das cidades brasileiras em ambientes convidativos aos ciclistas. Buscamos um modelo de cidade democrática e acessível”.
Para Victor Andrade, do LabMob/PROURB, a pesquisa é a primeira em escala nacional que trata do perfil dos ciclistas e suas motivações para pedalar. “Os resultados encontrados são muito importantes e inéditos e serão utilizados tanto apoiando a elaboração de políticas públicas quanto no empoderamento das organizações que promovem a bicicleta. Esta pesquisa e a primeira etapa na estruturação de uma rede nacional colaborativa de pesquisadores compartilhando métodos e dados”.
ATIVISMO PELA BICICLETA. Zé Lobo é coordenador geral da Transporte Ativo – organização social que atua desde a década de 1990 na defesa do uso da bicicleta e afins como meio de transporte, divulgando e defendendo seu uso de diferentes formas, por acreditar que cidades com mais qualidade de vida devem ser cidades com mobilidade sustentável.
Lobo foi idealizador da pesquisa “Perfil do Ciclista Brasileiro” e articulou a formação da rede para execução do levantamento. De acordo com ele, o levantamento representa um marco nas pesquisas sobre o uso da bicicleta como transporte urbano no Brasil – já que se propõe a construir uma base de dados qualitativa sobre o comportamento do ciclista, suas motivações e dificuldades ao usar a bicicleta no dia a dia.
“Acredito que o principal resultado da pesquisa foi ter buscado levantar esse comportamento do ciclista. Outra questão importante é que a pesquisa conseguiu gerar dados em dez cidades diferentes – o que nos possibilita ter um olhar mais nacional sobre o uso da bicicleta como transporte urbano. Agora temos um conjunto de dados que pode ser cruzado e explorado – tanto nacional como localmente. Ou seja, a sociedade civil e as organizações de ciclo ativismo podem elaborar projetos e levar ao poder público local tomando por base os dados do perfil – já que eles apontam demandas dos usuários. A pesquisa nesse sentido serve como ferramenta de empoderamento e articulação”, explica Zé Lobo e completa:
“O perfil representa um passo importante para a promoção da bicicleta como transporte urbano. Temos um volume grande de dados agora que serão difundidos, debatidos. Queremos ampliar esse debate, mostrar que cidades mais sustentáveis devem ter também a bicicleta como um modal de transporte, já que gera saúde, maior inclusão social, menor poluição, e um espaço mais feliz e seguro – já que o cidadão circula de fato pelo espaço urbano”.
O QUE PENSA O CICLISTA BRASILEIRO?
Faça no link a seguir o download do Perfil do Ciclista Brasileiro – parceria nacional pela mobilidade (versão livreto).
Veja também o Relatório Completo Perfil do Ciclista Brasileiro (dados gerais).
Última modificação em 26-11-2015 18:31:03