Professor Terry Nichols Clark, Universidade de Chicago (Divulgação)
O entrevistado da edição nº 10 da Revista e-metropolis é o renomado professor de sociologia da Universidade de Chicago, Terry N. Clark, que fala sobre uma das ideias centrais de seu livro “The City as an Entertainment Machine”, no qual ele faz uma crítica a respeito dos processos causais normalmente aceitos para explicar o crescimento das cidades. Para o autor, estudar a relação entre consumo, entretenimento e política de desenvolvimento urbano implica numa perspectiva multicausal já que tanto fatores materiais quanto não-materiais atuam de forma interdependente e cada um desses processos ocorre simultaneamente.
Terry Nichols Clark é professor de Sociologia da Universidade de Chicago e idealizador do Projeto Scenes, que volta o olhar para as “cenas urbanas” e as chamadas “amenities” – formas de entretenimento e lazer vinculadas ao consumo – para explicar as transformações verificadas nas cidades e os impactos desse consumo na vida social, na cultura urbana e nas atitudes políticas dos indivíduos.
Clark questiona a tese de que o entretenimento e/ou cultura/amenidades sejam superestruturas resultantes de uma infra-estrutura econômica e que esta última, sim, viria a ser definidora do processo de crescimento das cidades. No entanto, a tese do autor não inverte simplesmente esta relação causal, mas procura superar a ideia de que o crescimento das cidades possa ser atribuído unicamente ao fator econômico.
ENTREVISTA
Alguns anos atrás você publicou um livro chamado “The City as na Entertainment Machine” (A Cidade como Máquina de Entretenimento), onde você discute a relação entre consumo, entretenimento e a política de desenvolvimento urbano. Nesse trabalho, você questiona a premissa de que pessoas normalmente escolhem morar em certas cidades por conta do trabalho ao invés do estilo de vida, por exemplo. Qual foi o ponto de partida para você acreditar que haveria uma inversão nos processos causais normalmente aceitos sobre o que conduz o crescimento das cidades?
No capítulo sobre migrações do livro “City Money”, que deve ter sido publicado em 1983, busquei revisar alguns dos melhores trabalhos sobre migração e estudos gerais focando no que vinha primeiro: a galinha ou o ovo, ou seja, os trabalhos geram a migração ou a migração gera o trabalho? John Kain e Richard Muth foram dois economistas que publicaram artigos sobre esse tema, eles tinham os resultados, mas não tinham a ideia de que o fator causal poderia estar errado, e eles não falaram muito cuidadosamente sobre isso. De maneira geral, eu não tenho certeza, era menos claro no início, e se tornou mais afiado depois, no livro “The City as an Entertainment Machine”. O último capítulo deste livro se chama “Amenities Drive Urban Growth”, e foi um artigo que publiquei anteriormente. Quando o publiquei, houve muita agitação e fui convidado para um encontro com o prefeito Mockus em Bogotá e um grupo de política na Coréia, onde detalhamos essas questões. Eu estava simultaneamente trabalhando na e para a cidade de Chicago. Preparei relatórios e tive discussões com pessoas aqui e, em particular, com o prefeito Harold Washington, já em 1985-6. Eu recomendei que ele e o governo da cidade tentassem seguir políticas que poderiam atrair pessoas, e ele disse não, basicamente, que seria muito polêmico.
Para ler a entrevista completa com Terry N. Clark, acesse a edição nº 10 da revista eletrônica e-metropolis aqui.