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O pesquisador Utanaan Reis Barbosa Filho, do Núcleo Rio de Janeiro do INCT Observatório das Metrópoles, publicou o artigo “O ativismo cultural frente às milícias na Baixada Fluminense” na Dilemas – Revista de Estudos de Conflito e Controle Social. O estudo investiga como grupos culturais resistem e atuam em territórios sob domínio de milícias, analisando estratégias de ação e os desafios enfrentados por artistas e ativistas na região.

O trabalho parte da compreensão de que as milícias exercem um controle significativo sobre a organização das práticas sociais e políticas nesses territórios. No entanto, mesmo diante dessa realidade, grupos culturais têm encontrado maneiras de manter suas atividades, questionar o status quo e reivindicar espaços públicos, ainda que sujeitos a riscos e negociações constantes com os grupos armados.

A pesquisa tem um viés etnográfico, baseada na observação direta de eventos culturais e na realização de entrevistas com ativistas e coletivos culturais em um município da Baixada Fluminense. Barbosa Filho demonstra que, embora a cultura não seja vista pelas milícias como uma ameaça direta, os fazedores culturais muitas vezes enfrentam pressões e precisam adotar estratégias para evitar represálias. O estudo destaca que atividades sem fins lucrativos tendem a ser mais toleradas, enquanto eventos que movimentam recursos financeiros podem ser alvos de cobranças e coerção por parte dos grupos paramilitares.

Entre os pontos analisados, o artigo discute se a cultura pode ser considerada uma “linguagem blindada” em relação às formas tradicionais de ativismo político. Ao contrário de outras formas de militância mais explícitas, como manifestações e ocupações, os coletivos culturais acabam por atuar de forma mais sutil, por meio de arte, oficinas e performances, criando brechas para questionamentos e resistência simbólica.

Nas considerações finais, o autor ressalta que a blindagem da cultura não é absoluta e que os agentes culturais operam em uma zona de constante tensão. O artigo também aponta para a necessidade de acompanhamento contínuo dessas dinâmicas, visto que os cenários de controle territorial estão em constante transformação.

Confira o resumo:

Este trabalho pretende refletir acerca da relação entre ativismos políticos e grupos armados na Baixada Fluminense, dando ênfase aos ativismos culturais. Apesar da compreensão de que as milícias representam substantiva influência na (des)organização das práticas militantes e na assimetria de usos e possibilidades no espaço público, realça-se que outras formas de ativismo são acionadas, mesmo que inseridas, direta e indiretamente, nas dinâmicas do controle territorial armado. Para tanto, foi realizada uma pesquisa empírica de cariz etnográfico com agentes culturais e um grupo cultural em um município da Baixada Fluminense.

Palavras-chave: violência, milícias, resistências, movimentos culturais, Baixada Fluminense.

Acesse o trabalho completo, CLIQUE AQUI.

Ação do Projetar no cineclube Subúrbio Em Transe (RJ). Foto: Divulgação/Projetar.