Os pesquisadores Breno Serodio e Vicente Bretas, do Núcleo Rio de Janeiro do INCT Observatório das Metrópoles, publicaram o artigo “O Porto Carioca e a Renda da Terra: explorando as expressões da renda fundiária no Rio de Janeiro“, na Revista Geografias (UFMG). O estudo analisa a produção e apropriação da renda da terra na região portuária carioca, evidenciando os impactos das transformações urbanas e das dinâmicas imobiliárias no território.
O artigo aborda como a valorização fundiária no Porto do Rio de Janeiro se insere em processos mais amplos de reestruturação urbana e financeira da cidade. A partir de uma análise crítica, os autores discutem as relações entre o poder público, o setor privado e os interesses imobiliários, evidenciando as formas de captura da renda da terra no contexto do projeto de revitalização da área portuária.
A pesquisa destaca que, apesar dos investimentos em infraestrutura e do discurso de requalificação urbana, a valorização imobiliária não se traduziu em benefícios amplos para a população local. Ao contrário, os autores apontam que a apropriação da renda da terra favoreceu, sobretudo, grandes grupos econômicos, aprofundando processos de segregação socioespacial e exclusão territorial.
O estudo se insere no debate sobre o papel das políticas urbanas na produção do espaço e reforça a importância de mecanismos de regulação que garantam maior justiça social na distribuição dos benefícios do desenvolvimento urbano.
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Foto: Bruno Bartholini (Agência Pública).
Confira o resumo:
O Projeto Porto Maravilha, em curso na zona portuária do Rio de Janeiro, é uma das expressões mais contundentes da modalidade contemporânea de planejamento urbano estratégico no Brasil. À vista disso, o presente artigo busca compreender esta iniciativa à luz da teoria da renda fundiária, objetivando identificar, no âmbito do objeto, as diferentes formas através das quais a renda da terra se manifesta. Assim, retorna a categorias basilares do pensamento marxista, para, então, definir as três formas de renda fundiária conceituadas por Karl Marx e resgatadas por autores marxistas contemporâneos. Neste ensaio, o Porto Maravilha é enquadrado enquanto um processo potencializador da geração e extração de renda da terra no espaço urbano carioca. Porém, em última análise, nenhuma tipologia se apresenta de maneira homogênea. Em outras palavras, as proposições teóricas acerca da renda da terra se sobrepõem no plano empírico.
Palavras-chave: Porto Maravilha, Renda Fundiária, mercado imobiliário, teoria urbana crítica
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