Se a novidade da capital planejada de Belo Horizonte, em especial a sua área urbana central – a Avenida do Contorno –, despertou intenso interesse dos pesquisadores urbanos, qual o papel dos bairros localizados na sua periferia mais imediata no tocante à preservação do patrimônio e da história da cidade? É em direção aos bairros da Floresta, Santa Tereza, Lagoinha, Bonfim, Carlos Prates, entre outros, que o livro “Bairros pericentrais de BH: patrimônio, territórios e modo de vida” volta seu olhar. A publicação, que tem lançamento marcado para o próximo sábado (29/09), é mais um produto da Rede Nacional INCT Observatório das Metrópoles.
Organizado pela professora Luciana Teixeira de Andrade, coordenadora do colegiado do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais PUC Minas e coordenadora do núcleo Belo Horizonte do INCT Observatório das Metrópoles, em parceria com a diretora de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte, Michelle Abreu Arroyo, a obra é da Editora PUC Minas. O lançamento acontece a partir das 10h, no sábado (29/09), na Vila 211, localizada na rua Professor Estevão Pinto, 211, bairro Serra, na capital mineira.
O livro nasceu no âmbito do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais, cujos professores realizaram as pesquisas lá contidas, em interlocução com técnicos da Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte. Os bairros antigos e tradicionais da cidade de Belo Horizonte são postos em relevo e estudados sob a perspectiva de sua preservação e proteção.
Projeto: bairros históricos de Belo Horizonte
O livro é resultado do projeto de pesquisa “Bairros históricos de Belo Horizonte: patrimônio cultural e modos de vida”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Nasceu da interlocução entre professores do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da PUC Minas (PPGCS) e técnicos da Diretoria de Patrimônio Cultural (DIPC) da Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte.
Na “Apresentação” escrita por Luciana Teixeira de Andrade e Michelle Abreu Arroyo, as organizadoras comentam ainda o papel do Observatório das Metrópoles para a pesquisa, “tanto nas questões metodológicas e de tratamento dos dados do censo demográfico quanto nas questões teóricas que relacionam os modos de vida com os processos de estratificação social e também na compreensão da conformação dos espaços no interior das metrópoles”.
Os chamados “bairros pericentrais” surgiram e cresceram nas regiões denominadas, no projeto da Cidade de Belo Horizonte, como suburbanas ou colônias agrícolas, ambas situadas fora do anel da Avenida do Contorno, que delimitava a zona urbana e central da cidade. Essas áreas tiveram sua ocupação iniciada quase que concomitantemente com a da zona urbana, caracterizando os modos de viver e a arquitetura dos primeiros anos da capital. Pela localização na periferia imediata da zona urbana, os bairros pericentrais preservaram as características da ocupação inicial da cidade, seja na arquitetura de suas edificações e na “vida de bairro”, ambas já bastante afetadas ou mesmo extintas na área central da cidade. Ou seja, apesar de todas as transformações ocorridas em mais de um século de vida, ainda é possível encontrar nesses bairros exemplares das primeiras residências, descendentes dos primeiros moradores, assim como núcleos comerciais, áreas públicas de encontro e de lazer que sustentam uma relação de vizinhança típica de bairros residenciais mais antigos.
Composto por artigos vários artigos, o livro é dividido em três partes. A primeira delas, Abordagens teórico-metodológicas, apresenta uma visão mais geral do problema da pesquisa, relacionando modos de vida à construção da política pública de patrimônio cultural nos espaços centrais e pericentrais. As notas metodológicas explicitam a forma de realização da pesquisa, seus instrumentos, o tratamento dos dados e os conceitos que nortearam a análise.
A segunda parte, Modos de vida e sociabilidades, reúne um conjunto de artigos sobre os bairros que partiram de uma pesquisa documental em relação à história de formação e ocupação dos bairros e a relação desses aspectos com as atuais formas de apropriação e significação por moradores e usuários. Foram contemplados os modos de vida, as formas de sociabilidade, as identidades e os espaços públicos e privados onde se desenrola a vida cotidiana.
A terceira parte, Proteção cultural e vida de bairro, trata das políticas públicas e dos instrumentos de proteção do patrimônio no âmbito dos bairros, sua condição atual, organização, valores e representações do patrimônio. Os artigos aqui apresentados procuram fazer uma aproximação das mudanças ou permanências em relação a usos, espaços públicos, limites dos bairros, paisagem urbana, novas ocupações e referenciais simbólicos. Em muitos casos, os artigos observarão em que medida as políticas de proteção, de ordenamento do território, de estruturação viária, entre outras, implantadas ou não em cada bairro interferirão nas autoimagens dos moradores e na sua forma de apropriação do lugar.
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