A primeira publicação do Selo Editorial Habitação & Cidade, lançado na última semana, avança na consolidação do ciclo inicial de trocas latino-americanas dos pesquisadores do Grupo Habitação & Cidade a respeito da avaliação de políticas habitacionais recentes adotadas no Brasil, Chile, Argentina, Uruguai e México.
Intitulado “Habitação e Cidade: trocas latino-americanas“, o livro foi organizado por Camila D’Ottaviano (FAU-USP), pesquisadora do Núcleo São Paulo, e compila os debates ocorridos no Seminário Internacional Habitação e Direito à Cidade: Um Olhar Latino-Americano. A obra está dividida em cinco partes, conforme a seguir:
A Parte I – Política Habitacional no Brasil e na América Latina apresenta um panorama geral sobre a política habitacional no Brasil e no México, com os textos dos professores Adauto Cardoso (UFRJ), Carlos E. Estrada Casarín (ITESO, México) e Sara Raquel Fernandes Queiroz de Medeiros e Isis do Mar Marques Martins (UFRN). Em seu texto “Política Habitacional no Brasil: Balanço do Ciclo Recente”, Adauto Cardoso apresenta um panorama da política habitacional brasileira desde 2003, com foco nos avanços e retrocessos desde o ciclo lulista. Carlos Estrada, por sua vez, faz um panorama da politica habitacional mexicana no capítulo “Políticas de vivienda y alternativas locales en México”, a partir de uma recuperação histórica desde meados do século XX até os dias atuais. A seguir, o trabalho das professoras da UFRN, Sara e Isis no texto “Urbanização e Habitação: uma leitura do caso mexicano a partir do Brasil”, propõe uma primeira leitura comparativa dos casos braseiro e mexicano, procurando avançar num debate que se pretende latino-americano.
Já na Parte II – Autogestão, Autoconstrução, Assistência Técnica e Movimento de Moradia, as pesquisadoras Renata Miron de Aguiar e Thais Vellasco, ambas da Ambiente Arquitetura, apresentam uma breve análise sobre os debates realizados durante o seminário. No texto “Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito: a contribuição dos movimentos populares de moradia para a Justiça Social”, a arquiteta Karla F. Moroso de Azevedo (AH! Arquitetura Humana e UFRGS) analisa o caso da Cooperativa Dois de Junho, na cidade de Porto Alegre, projeto ao qual está vinculada como assessora técnica. A seguir, a professora Denise Morado Nascimento (UFMG) retoma sua apresentação no seminário com o texto “Os [auto]construtores das cidades brasileiras”, no qual consolida o debate sobre a caracterização necessária da [auto] construção da moradia nas cidades brasileiras bem como dos territórios onde se dá essa [auto]construção. No capítulo “Autoconstrucción, asistencia técnica y derecho a la vivienda: un aporte desde una práctica integral universitaria en Montevideo”, o professor Marcelo Pérez Sánchez, da Universidad de La Republica (UDELAR) traz para o debate a realidade uruguaia da autoconstrução e da assistência técnica. Fechando esse segundo bloco, o artigo da professora Mariana Cicuto (UNESP-Presidente Prudente) apresenta alguns resultados das experiências com assessoria técnica no interior do estado de São Paulo com o texto “Assessorias Técnicas no Interior Paulista”.
A seguir, na Parte III – Dinâmicas Imobiliárias, o professor Eduardo Nobre apresenta os debates sobre dinâmica imobiliária no Brasil e no Chile. No primeiro capítulo deste bloco “Dinámicas subsidiarias de la vivienda social suburbana en Coronel, Región del Biobío, Chile”, os pesquisadores chilenos Voltaire Alvarado Peterson, Álex Paulsen Espinoza e Jordy Cárcamo Hernández analisam o processo de expansão habitacional periférica de Coronel, cidade costeira chilena localizada 600km ao sul de Santiago. No capítulo seguinte, Estevam Otero, da Universidade Estadual Paulista (UNESP) apresenta, em coautoria com suas orientandas Ana Luiza Mói Crosara, Luma Rocha Dourado, Marcela Santos Rossi, Marina Fodra e Paula Galafazzi, uma importante análise sobre a produção imobiliário no interior do estado de São Paulo nas primeiras décadas do século XXI com o texto “Produção Imobiliária e Direito à Cidade nas Capitais Regionais Paulistas no Início do Século XXI”. Na sequência, a precariedade e a informalidade urbanas da região metropolitana de Belo Horizonte são analisadas no texto “Loteadores informais e urbanização periférica: novos atores e dinâmicas nos mercados informais de terra da RMBH” dos professores João Tonucci e Daniel Medeiros de Freitas, ambos da Universidade da Federal de Minas Gerais.
Seguindo com a temática, a Parte IV – Precariedade Habitacional apresenta dois capítulos. O primeiro do professor Renato Pequeno, da Universidade Federal do Ceará (UFC), “Quadro de Mudanças da Favelização de Fortaleza: marginalidade, informalidade e precariedade” apresenta o quadro histórico das favelas da cidade de Fortaleza-CE. No texto “Favelas, Comunidades Urbanas e Aglomerados Subnormais: uma proposta de debate sobre a conceituação da precariedade habitacional urbana no Brasil contemporâneo”, escrito por Camila D’Ottaviano (FAU-USP), a autora procura avançar no debate sobre a conceituação e caracterização das favelas pelo IBGE e pelas Censos Demográficos brasileiros.
Por fim, a quinta e última parte propõe o debate sobre a academia fora da universidade (Parte V – Universidade no Território) e sobre o processo recente de curricularização da extensão. O primeiro texto apresentado, do professor Jorge Bassani (FAU-USP), procura recuperar as discussões e debates do Seminário. Já os dois textos finais, ambos de professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mostram os desafios da nossa atuação como docentes-pesquisadores-extensionistas. Bruno Mello, com seu “Campos Verdes” propõe um relato quase poético de uma experiência extensionista. Já o texto “Um Submergir na Crise, um Emergir da Extensão”, das professoras Ana Elísia da Costa e Daniele Caron, vai além da proposta inicial ao incorporar as reflexões provocadas durante e após a enchente histórica ocorrida na cidade de Porto Alegre, em maio de 2024.
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