Nos dias 26 e 27 de novembro, ocorrerá o Seminário “Desigualdades, lutas sociais e democracia no Sul global: interseccionando saberes e conhecimentos”, uma iniciativa dos Programas de Pós-Graduação em Direitos Humanos (PPGDH), em Serviço Social (PPGSS) e em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Programa de Ações Estratégicas Transversais da Pós-Graduação (PAET-PG).
O encontro contará com a participação das professoras da UFPE e pesquisadoras do INCT Observatório das Metrópoles Núcleo Recife, Danielle Melo Rocha e Ana Cláudia Rocha Cavalcanti, promovendo uma reflexão sobre as desigualdades sociais presentes no Brasil e em outros países do hemisfério sul que engloba as dimensões de raça, gênero e classe.
O evento ocorrerá no Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) e contará com palestras de convidados e apresentações de trabalhos.
Para maiores informações e inscrições, acesse: www.even3.com.br
Apresentação do evento:
A temática das desigualdades sociais tem sido central para o campo das ciências sociais no Brasil e no mundo. Nas últimas décadas, temos observado o aprofundamento generalizado das desigualdades sociais em suas diferentes interseccionalidades, particularmente no contexto do sul global, como consequência da hegemonia do paradigma neoliberal e das transformações do capitalismo contemporâneo. Esse contexto de desigualdades interseccionais é facilmente percebido no cenário brasileiro das últimas décadas. Apesar dos avanços realizados no Brasil na primeira década e meia do século XXI, com a implementação de políticas de promoção da igualdade racial, da igualdade de gênero e de políticas de transferência de renda, entre os anos de 2016 e 2022 o país voltou a registrar aumento na desigualdade social. Para isso, concorrem às políticas restritivas de direitos dos governos Temer e Bolsonaro, assim como a Pandemia de Covid-19.
De acordo com o IBGE, o número de desempregados chegou a 15,2 milhões no primeiro trimestre de 2021, o que representou uma taxa de 14,9%. O número de pessoas vivendo em situação de pobreza extrema aumentou 48,2% em 2021 na comparação com o ano anterior. Isso significa que 5,8 milhões de pessoas passaram a viver com uma renda mensal per capita de até R$168 por mês. Os dados do IBGE mostram que o país passou a ter 62,5 milhões de pessoas (29,4% da população) abaixo da linha da pobreza, incluindo 17,9 milhões de pessoas na pobreza extrema (8,4%). Em outras palavras, aproximadamente um a cada três brasileiros era pobre em 2021. A pobreza brasileira também tem cor e gênero. Cerca de 62,8% das pessoas que vivem em domicílios chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos estavam abaixo da linha de pobreza. Além disso, a proporção de negros (pretos e pardos) abaixo da linha de pobreza foi de 37,7%, pouco mais que o dobro da proporção de brancos (18,6%). (IBGE, 2021).
O presente seminário propõe a reflexão das distintas formas de (re)produção das desigualdades sociais no Brasil e em outros países do Sul global, particularmente aquelas vinculadas às dimensões de raça, gênero e classe, bem como seus impactos no sistema político nacional e internacional e nos nossos modelos educacionais. A contestação dessas desigualdades parte necessariamente das lutas sociais de grupos historicamente marginalizados, em prol da ampliação dos parâmetros de cidadania e de respeito e valorização das diferenças.
