A Editora da Universidade Federal do Ceará (UFC) promove o lançamento do livro “A urbanização vai à praia: vilegiatura marítima e metrópole no Nordeste brasileiro”, do profº Alexandre Queiroz Pereira. A publicação mostra que a urbanização das zonas de praia é uma variável fundante do processo de constituição das regiões metropolitanas nordestinas.
O profº Alexandre Queiroz Pereira é integrante do Núcleo Fortaleza do INCT Observatório das Metrópoles.
A urbanização vai à praia
Consiste em obra dedicada à apreensão do processo de valorização da relação da sociedade e da cidade com o mar, cujos desdobramentos implicam a intensificação do processo de urbanização das zonas de praia, tanto das metrópoles como dos municípios metropolitanos. Defende, nesses termos, ser a prática da vilegiatura uma variável fundante do processo de constituição das regiões metropolitanas nordestinas. O livro traz ainda uma bibliografia atualizada de pesquisadores (especialmente franceses e espanhóis), além de disponibilizar um conjunto de dados relacionados às políticas públicas e aos empreendimentos imobiliários turísticos a abundarem em nossas praias.
Faça o download do livro “A urbanização vai à praia: vilegiatura marítima e metrópole no Nordeste brasileiro”
INFORMAÇÕES:
Alexandre Queiroz Pereira
PÁGINAS: 202
ISBN: 978-85-7282-634-1
ANO: 2014
VALOR: R$ 20,00
Para a aquisição do livro, acesse o site da Editora da UFC.
INTRODUÇÃO
ALEXANDRE QUEIROZ PEREIRA
O interesse pelo fenômeno da valorização dos espaços litorâneos metropolitanos deu-se inicialmente nos estudos para produção de dissertação de mestrado (PEREIRA, 2006). À época, aproximou-se de leituras acerca das práticas marítimas modernas. Por sua condição introdutória, e utilizando-se do termo veraneio marítimo, o trabalho preocupou-se em detalhar um estudo de caso e objetivou explicar as dinâmicas socioespaciais promovidas por autóctones no desenvolvimento das práticas marítimas modernas nas localidades litorâneas metropolitanas do município de Aquiraz.
A partir de 2007, oportunizou-se a participação no seio das pesquisas elaboradas pelo núcleo Fortaleza do Observatório das Metrópoles (sediado no Laboratório de Planejamento Urbano e Regional – LAPUR-UFC). Sob financiamento do INSTITUTO MILÊNIO/CNPq desenvolveu-se a sublinha de pesquisa estudo comparativo das transformações das atividades imobiliárias turísticas no Nordeste (Fortaleza, Natal, Recife e Salvador). À experiência do mestrado, ajuntou-se uma discussão teórica e empírica mais ampla e densa. Teoricamente, buscaram-se, nacional e internacionalmente, novas bibliografias capazes de fortalecer e melhor caracterizar os casos estudados, além das trocas discursivas entre os pesquisadores componentes da rede. É neste momento que se passa a utilizar o termo vilegiatura marítima ao invés de veraneio marítimo. Empiricamente, amplia-se a escala de análise, promovendo o estudo comparativo entre as quatro metrópoles nordestinas com núcleos integrados ao Observatório. Com o trabalho de pesquisa colaborativo, perceberam-se novos contornos do fenômeno, principalmente a inserção dos recortes metropolitanos nordestinos na lista dos lugares demandados não só por vilegiaturistas autóctones (metropolitanos), mas também por nacionais e internacionais. Também se tomou conhecimento de formas imobiliárias (novos empreendimentos turístico-imobiliários) demarcadas pela hibridação entre práticas turísticas e a vilegiatura cada vez mais comuns no espaço litorâneo dos estados da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.
Este escrito tem seu embrião neste contexto, e mesmo sendo uma produção de responsabilidade individual, inclui-se no corpo de desdobramentos da pesquisa colaborativa que permanece agora com o subprojeto Metropolização turística: dinâmicas e reestruturação dos territórios em Salvador, Recife, Fortaleza e Natal.
ESTRUTURA DO LIVRO
O livro “A urbanização vai à praia” estrutura-se, além desta introdução e da conclusão, em quatro capítulos: 1. A vilegiatura marítima marítima: múltiplas escalas espaço-temporais; 2. Contribuições da Vilegiatura marítima para a urbanização no Nordeste; 3. Planejamento: Nordeste, turismo e vilegiatura marítima; e 4. A metropolização da vilegiatura marítima no Nordeste.
Ao partir do contexto mundial em direção ao nacional, no capítulo – A vilegiatura marítima moderna (múltiplas escalas espaço-temporais) – são descritas tanto as mutações histórico-espaciais como as particularidades da vilegiatura marítima na contemporaneidade. É empreendido esforço em construir um quadro analítico alternativo àquele proposto pelos estudos sobre segundas residências (sem, contudo, abandonar suas contribuições). Utilizando-se de múltiplas referências bibliográficas e sob uma ótica socioespacial, pretendeu-se compreender a vilegiatura marítima, caracterizando-a como fenômeno de massa assimilado e reestruturado pela sociedade local, mas simultaneamente aberto às demandas internacionais.
O segundo capítulo, Contribuições da vilegiatura marítima para a urbanização no Nordeste, especifica a discussão, ao passo que contextualiza o processo de urbanização no/do espaço litorâneo das cidades de Salvador, Recife, Fortaleza e Natal. É explicado o processo de produção das orlas das capitais como lugares do lazer, da vilegiatura, do morar e do turismo. Demonstra-se que, a partir da segunda metade do século XX, a vilegiatura marítima expande-se espacialmente, tornando-se um dos vetores de metropolização das capitais nordestinas. Neste mesmo capítulo, com base em registros bibliográficos e em dados da Pesquisa Orçamento Familiar (POF), indica-se o início da expansão da vilegiatura marítima, evidenciando o crescimento constante, diverso e atual da demanda dos citadinos autóctones pela possibilidade de vilegiaturar nos diversos municípios litorâneos.
O capítulo Planejamento: Nordeste, turismo e vilegiatura marítima detalha o planejamento e o contingente nas ações públicas e privadas direcionadas à organização dos espaços litorâneos. Primeiramente, descreve-se a alocação de recursos em infraestruturas e indicam-se as imbricações entre o planejamento da atividade turística no Nordeste e as transformações relacionadas também à vilegiatura marítima. Ao descrever as ações desenvolvidas e projetadas pelos PRODETUR/NE I e II, percebe-se o início da internacionalização da demanda pelos espaços litorâneos nordestinos. É o momento que a vilegiatura alóctone ganha relevo. Seguidamente, são demonstradas as relações entre o planejamento público e privado, principalmente ao serem analisados os dados do Banco Central, o estudo específico elaborado pela FGV, solicitado pela EMBRATUR, e a entrevista concedida pelo representante da Associação para Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (ADIT-NE).
Enfocando a capacidade da vilegiatura marítima na produção do espaço urbano nordestino e metropolitano, o capítulo A metropolização da vilegiatura marítima no Nordeste analisa a distribuição espacial dos domicílios de uso ocasional em escala regional, estadual e, sobretudo, metropolitana. Ainda nesta seção, avaliam-se as mudanças qualitativas da vilegiatura marítima nas metrópoles, destacando o perfil dos alóctones, os novos padrões de empreendimentos e os padrões de expansão dos domicílios de uso ocasional, próprios às regiões metropolitanas de Salvador, Fortaleza, Recife e Natal.
Ao fim, a conclusão elenca novamente as questões primeiras, mas desta vez as confronta com os resultados oriundos do trabalho de pesquisa. Espera-se que o texto a seguir propicie ao leitor não necessariamente respostas definitivas, mas, sobretudo, uma discussão relevante que necessita de debate técnico-científico-social contínuo.
A publicação deste livro se faz por meio da contribuição direta de um conjunto entidades e pessoas especiais. O programa de Pós-Graduação em Geografia da UFC propiciou o ambiente impar de discussão e elaboração de conhecimento. O Observatório das Metrópoles – Núcleo Fortaleza possibilitou o intercambio a nivel regional, estando em contato com pesquisadores de outras capitais nordestinas. E aos meus pais, esposa e filhos, antes de tudo, sentido de todas as nossas consquistas e objetivos.