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Metrópole de Belém: um balanço de quatro décadas

By 04/09/2014janeiro 20th, 2018Publicações
Região do Porto de BelémRegião do Porto de Belém 

O Núcleo Regional de Belém do Observatório das Metrópoles acaba de finalizar o livro “Belém – Transformações na Ordem Urbana”. A publicação, que será lançada no segundo semestre de 2014, parte de uma perspectiva histórica da formação urbana da metrópole paraense para analisar temas como segregação residencial, dinâmica de metropolização, fluxos migratórios, moradia, mobilidade urbana, entre outros.

 

PROJETO: Transformações na Ordem Urbana das Metrópoles Brasileiras (1980-2010)

O projeto “Transformações na Ordem Urbana das Metrópoles Brasileiras (1980-2010)” representa para o Observatório das Metrópoles a última etapa do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT). O objetivo é oferecer a análise mais completa sobre a evolução urbana brasileira, servindo assim de subsídio para a elaboração de políticas públicas nas grandes cidades e para o debate sobre o papel metropolitano no desenvolvimento nacional. Nesta etapa do projeto, os núcleos regionais estão finalizando seus livros e enviando para o Comitê Gestor fazer a leitura final.

A previsão é de que no segundo semestre de 2014 e em 2015 o Observatório das Metrópoles faça os lançamentos dos 15 livros com a análise sobre as transformações urbanas das principais regiões metropolitanas do Brasil.

Leia mais: A metrópole brasileira na transição urbana (1980-2010)

 

Belém: um balanço de quatro décadas

Segundo o professor José Júlio Ferreira Lima, a produção do livro “Transformações na Ordem Urbana de Belém” se tornou realidade graças a uma rara convergência de pesquisadores de diferentes áreas – entre arquitetos, urbanistas, economistas, sociólogos e demógrafos –, beneficiada pelo amadurecimento de ideias e parcerias estabelecidas em outras pesquisas sobre a região. “Nessa perspectiva o livro foi organizado em duas partes, a primeira é dedicada a aspectos contextuais históricos, econômicos e demográficos da RMB e a segunda assume a discussão das tipologias socioespaciais e seus desdobramentos sobre a habitação, estrutura familiar, acesso ao trabalho e renda, mobilidade e condições de gestão”, explica.

A primeira parte, por exemplo, demonstra que coexistem duas dinâmicas na RMB, uma associada ao seu papel de cidade primaz da rede amazônica até meados do século XX, e outra à incorporação da região à dinâmica capitalista industrial do país, após os anos 1950. A argumentação, de acordo com o profº José Júlio Ferreira de Lima,  parte do processo histórico de formação do território dos quase 400 anos de Belém, e incorpora dados econômicos e estudos oficiais sobre a rede urbana brasileira, todos tomados como lastro para a discussão de abordagens teóricas acerca das questões de desmetropolização ou metropolização da Região Metropolitana de Belém (RMB) nas últimas décadas e o papel desse fenômeno na extensão de sua área de influência.

Outro destaque é a discussão sobre a dinâmica populacional da Região Metropolitana Ampliada de Belém, que incorpora, além dos sete municípios da RMB os municípios de Barcarena e Abaetetuba. A ênfase é dada nas manifestações da transição demográfica brasileira na região, ao longo das últimas quatro décadas, suas características e decorrências, mostrando que o Brasil se encontra em uma fase madura desse processo e que Belém é um expoente na região.  “O texto além de explicar o que é a transição demográfica, mostra melhora nos indicadores de mortalidade e recente redução pela metade dos indicadores de fecundidade na maioria dos municípios da RMB. Também é evidenciado o papel da migração na redução do peso de Belém na população da RMB no decorrer do período de análise, acompanhando as tendências nacionais”, argumenta o coordenador.

Já a segunda parte do livro aplica a metodologia de identificação de tipos sócio-espaciais para analisar a distribuição da organização social no território da RMB. “Apesar de não ser possível uma análise evolutiva das categorias ocupacionais, devido a mudanças conduzidas na metodologia de coleta e sistematização do IBGE, o capítulo oferece análises sobre a organização social e as estruturas espaciais para os Censo de 1991, 2000 e 2010. Acredita-se que o predomínio de ocupações médias em cada um dos anos de levantamento censitário elucide a estrutura social da RMB. Trata-se da confirmação da função da metrópole de prestadora de serviços ao restante do estado, seja por meio de ocupações médias voltadas a atividades de apoio tanto para o setor público como para o privado, ocupações voltadas ao atendimento de saúde e educação, bem como a ênfase do comércio dentre os trabalhadores do terciário especializado”, adianta José Júlio.

Outro ponto importante de análise refere-se à organização social do território da RMB, através de análises sobre a evolução do perfil da estrutura familiar entre 1980 e 2010. Desse modo, os pesquisadores procuram identificar mudanças e/ou permanências nas formas como as pessoas se organizam para garantir a sobrevivência e sua reprodução social; comparar a estruturação das famílias na área núcleo da Região Metropolitana de Belém (RMB) e suas semelhanças e/ou diferenças em relação aos municípios de sua periferia e como vem se refletindo na e pela família. “Observa-se a partir de 1990 um crescimento no número de famílias maior que o da população mediante uma diversificação das formas de organização familiar, crescimento do número de famílias com responsáveis sem cônjuge, cônjuges do mesmo sexo e o aumento de pessoas vivendo em união estável. Por outro lado, em relação a permanências, as unidades domésticas constituídas por famílias conviventes com parentesco continuam sendo a maioria, ainda que com ritmo de crescimento percentual bem menor que o das unipessoais que se ampliam em direção aos municípios periféricos, em função da melhoria de condição de renda das famílias e da ampliação do modelo de arranjo domiciliar do núcleo. O tamanho das unidades domésticas segue a tendência nacional e já percebível na RMB de diminuição do tamanho da família”.

 

Publicado em Produção acadêmica | Última modificação em 04-09-2014 18:28:50