Coordenadora do Núcleo Natal do Observatório das Metrópoles e professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Maria do Livramento Miranda Clementino foi homenageada pela Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) com uma bionota, iniciativa que celebra a memória e a trajetória de profissionais que se destacaram na construção do campo da Sociologia no Brasil e de sua institucionalização.
O texto foi escrito por Zoraide Souza Pessoa (UFRN) e contém dados da formação acadêmica e vida profissional de Maria do Livramento, além das contribuições para o campo de estudo e pesquisa, como a criação, em 2003, do Núcleo Natal do Observatório das Metrópoles, conduzindo uma ampla e interdisciplinar equipe de pesquisadores, que tem na metropolização da capital potiguar o foco de estudo e pesquisas.
As bionotas são disponibilizadas no site da SBS na aba “SBS Memória” e posteriormente são reunidas na coletânea de e-books “Retratos: sociólogas e sociólogos brasileiros“, atualmente em seu Volume I.
Por Zoraide Souza Pessoa (UFRN)
Maria do Livramento Miranda Clementino, é professora titular da UFRN, nordestina, que nasceu em 01 de janeiro de 1950, em Taipu, pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte. Filha única, do comerciante Lauro Miranda e da dona de casa Maria de Lourdes Miranda, viveu sua infância entre as cidades de Taipu e Ceará-Mirim, onde estudou os anos iniciais do ensino fundamental, no Grupo Escolar Joaquim Nabuco em Taipu, e concluiu os anos finais, no colégio Santa Águeda em Ceará-Mirim, do qual foi interna entre 1963-1966. Sua juventude passou na capital, Natal, cursando entre 1967-1969, o ensino médio, no Atheneu, tradicional colégio público da cidade.
Contrariando a vontade dos pais, que almejavam que se formasse em medicina, engenharia ou direito, consideradas “carreiras de futuro” segundo a percepção familiar, optou por fazer sua primeira graduação em Sociologia e Política, na Fundação José Augusto, em Natal entre 1970 e 1973. Também cursa de 1971 a 1975 Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na qual também se graduaria em Ciências Sociais entre 1976 e 1977.
Mas, a realização no Direito foi amplamente conquistada pela família, na terceira geração dos Miranda, agora Miranda Clementino, fruto do seu casamento com Francisco das Chagas Clementino, jovem potiguar farmacêutico bioquímico que arrematou seu coração no ano de 1974 em Salvador, quando cursava mestrado em química na UFBA. Da união, celebrada em 1976, nasceram seus três filhos, todos bacharéis em Direito.
Livramento, mulher, filha, mãe, esposa, avó, socióloga, economista, professora e pesquisadora vão delineando sua jornada profissional e científica que se inicia quando exerce a função de socióloga, como celetista, no serviço de pesquisa e estatística da Divisão de Orientação Social no Serviço Social do Comércio (SESC), em Natal, de 1971 a 1975. Sua carreira acadêmica se iniciaria em 1979, na UFRN. Contudo, ainda experimentaria atuar como gestora pública, ao exercer o cargo de Secretária Municipal de Administração Geral e Planejamento da prefeitura de Natal de 1993 a 1994.
Foi na UFRN, ao longo de mais de quatro décadas, que se moldaria como pesquisadora, polindo as marcas do regional, do urbano, das cidades, das metrópoles e das políticas públicas como polos centrais de sua trajetória acadêmica científica. Apresenta uma identidade ambivalente entre a sociologia e a economia como ela mesma se descreve, mas se podemos pensar em definições, trafega com maestria na interdisciplinaridade. No início de sua carreira acadêmica na década de 1980, vai forjando sua identidade no estudo do regional, temática que vai marcar grande parte de sua produção acadêmica. É neste período que cursa o mestrado, nas Ciências Sociais, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Unicamp (1982-1985) pesquisando as relações capital trabalho na exploração do algodão, atividade agrícola rural tradicional, e de base central para a dinâmica regional do Nordeste e do Rio Grande do Norte, até o seu declínio nos anos 1980. É nos estudos rurais e regionais, que vai talhar sua formação, sob a influência da profa. Maria de Nazareth Baudel Wanderley, sua orientadora e uma das principais estudiosas das ruralidades brasileiras. Deste período, nasce a obra que ela considera uma das mais marcantes: O Maquinista de Algodão e o Capital Comercial, de 1987.
Leia a bionota completa em: sbsociologia.com.br/project/maria-do-livramento-miranda-clementino