Em um momento em que todos se encontram desafiados a pensar e investigar os impactos da pandemia nas dinâmicas socioespaciais e na gestão e planejamento das cidades e regiões, o Observatório anuncia a publicação da Revista Eletrônica de Estudos Urbanos e Regionais e-metropolis nº 47! Composto por cinco artigos científicos e um ensaio fotográfico, o novo número reúne diversas temáticas, como resistências urbanas, participação social, gestão metropolitana, novas espacialidades e desapropriações.
Abre este número o texto de Stavros Stavrides, arquiteto e ativista, professor da Universidade Técnica de Atenas. O artigo “Reivindicar a cidade como espaços comuns. Aprendendo com os movimentos de moradia da América Latina”, traduzido por Gilberto Cunha França e Jefferson Baffica Junior, trata de explorar uma problematização renovada da dinâmica das metrópoles contemporâneas sob a luz de esforços específicos para reivindicar a cidade como espaços comuns. Experiências de movimentos de luta por moradia na América Latina são usados para ilustrar as capacidades transformadoras da comunização urbana.
No artigo “Insurgência em Espaços Institucionais: Entre Interesses do Capital e o Espaço Banal”, o autor Elson Manoel Pereira, busca refletir sobre como as diferentes escalas de atuação da sociedade se articulam no processo participativo, a partir da análise do processo participativo desenvolvido em Florianópolis que resultou no Plano Diretor aprovado em 2014.
Em “A Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP) e o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 11: identificação dos dispêndios em Defesa Civil e Ordenamento Territorial (2016-2020)”, Erasmo José Gomes analisa a destinação de recursos financeiros por parte dos municípios para as subfunções de governo, Defesa Civil e Ordenamento Territorial, com o objetivo de apontar lacunas, potencialidades ou fragilidades para o aperfeiçoamento das ações de governo nessas áreas no contexto institucional metropolitano.
No quarto artigo deste número, as subjetividades, imaginários e espacialidades do cotidiano pandêmico, considerando sua relação com a produção de novas espacialidades entre os espaços do lar e da cidade, articulando suas implicações contextuais atuais e projeções futuras é objeto da reflexão oportuna proposta por Gustavo Santos, Andréa Nogueira Ferreira e Diogo Pataro dos Santos, no artigo “Subjetividades e espacialidades confinadas: reflexões sobre o espaço do lar e o espaço da cidade no cotidiano pandêmico”.
No artigo “Manual de técnicas da empresa que desapropria”, Bruno Cesar Euphrasio de Mello, discute os sentidos da técnica e de suas consequentes justificações e impactos. De forma provocativa e inovadora, o autor apresenta o manual oculto das remoções ou manual de técnicas para “processos expropriatórios”, que contém, ao final, 15 procedimentos generalizáveis, construídos com ironia a partir da experiência do projeto de extensão Práticas Urbanas Emergentes (PUE), que, durante os anos de 2018 a 2020, relacionou-se com a população da Vila Nazaré, com suas lideranças comunitárias e com o Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), que têm resistido à remoção necessária à conclusão das obras de ampliação da pista do antigo aeroporto de Porto Alegre.
Encerramos o número com o ensaio fotográfico “Entre o lugar e o não lugar: registros de afetos ou ausência na estação de comboios Coimbra A”. O ensaio foi produzido pelo pesquisador Daniel Soglia e, com fotos em preto e branco, busca tensionar os conceitos de “lugar” e “não lugar” do antropólogo francês Marc Augé. Nas palavras do autor do ensaio: “Entre afetos, os contatos, a solidão e os silêncios, a série fotográfica é marcada por cenas múltiplas que constroem os dias de idas e vindas dos estudantes, trabalhadores e transeuntes que percorrem a estação”.
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Publicada trimestralmente pelo Observatório das Metrópoles, a e-metropolis tem por objetivo suscitar o debate e incentivar a importância da difusão e divulgação científica do campo dos estudos urbanos e regionais. As edições mantêm uma estrutura composta por duas partes. Na primeira, encontram-se os artigos estrito senso, que iniciam com um artigo de capa, no qual um especialista convidado aborda um tema relativo ao planejamento urbano e regional e suas interfaces, seguido dos artigos submetidos ao corpo editorial da revista e aprovados por pareceristas, conforme o formato blind-review.
Já a segunda parte é composta, em geral, por entrevistas, resenhas de obras recém-lançadas (livros e filmes), seção especial – que traz a ideia de um texto mais livre e ensaístico sobre temas que tangenciem as questões urbanas – e, finalmente, ensaio fotográfico, que faz pensar sobre as questões do presente da cidade por meio de imagens fotográficas.