O artigo “O alimento-mercadoria e a fome no Brasil”, escrito por Denise Elias, professora da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e pesquisadora do Núcleo Fortaleza, analisa a relação intrínseca entre a difusão do agronegócio e a fome no Brasil. De acordo com a autora, na rede de produção do agronegócio o alimento não é considerado um direito social, mas uma mercadoria cujo propósito é auferir lucro.
Publicado no Boletim Goiano de Geografia, periódico do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da Universidade Federal de Goiás (IESA/UFG), o artigo toma como ponto de partida alguns pilares que sustentam o alimento como mercadoria, tais como os dos ultraprocessados e os da concentração econômica na produção e distribuição destes.
Dentre as conclusões, a autora aponta que o aumento da produção e da produtividade do agronegócio ocorreu em paralelo ao crescimento de pessoas sem acesso à alimentação, evidenciando que tais processos são faces de uma mesma moeda.
Portanto, a cada novo recorde da safra de soja, lado a lado aumenta o número de pessoas que acordam de manhã sem saber como farão para se alimentar naquele dia.
Confira o resumo:
O Brasil tem privilegiado o agronegócio em detrimento da agricultura familiar. Na rede de produção do agronegócio, o alimento é tratado não como um direito social, mas como uma mercadoria cujo propósito primordial é auferir lucro. O objetivo deste artigo é contribuir para o debate sobre a relação intrínseca entre a difusão do agronegócio e a fome no Brasil. Nosso ponto de partida são alguns pilares que sustentam o alimento como mercadoria, tais como os dos ultraprocessados e os da concentração econômica na produção e distribuição destes. A metodologia foi estruturada com base nos fundamentos da pesquisa qualitativa para a construção de uma análise crítica. Concluímos que paralelamente ao aumento da produção e da produtividade do agronegócio, temos o crescimento de pessoas sem acesso à alimentação, evidenciando que tais processos são faces de uma mesma moeda. Inferimos também que os ultraprocessados estão sob o domínio de um pequeno número de corporações transnacionais, que cada vez mais definem o que comemos. Constatamos ainda que enquanto a fome aumentou de forma exponencial durante a pandemia de COVID-19, as corporações agroindustriais alimentares e de supermercados estão entre as empresas que mais lucram nesse período.
Palavras-chave: Agronegócio; Alimento-mercadoria; Fome; Brasil.
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