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Estado, Grandes Empresas e Governança Metropolitana

By 12/12/2012janeiro 18th, 2018Notícias

Estado, Grandes Empresas e Governança Metropolitana

De que maneira a política do setor privado está transformando a governança metropolitana? A hipótese inicial é de que as novas elites globais privadas estão, cada vez mais, dependentes dos gastos sociais; e, em decorrência, passam a influenciar as estruturas regulatórias dos estados. Esse é o ponto de partida do projeto “Estado, Grandes Firmas e Governança para o Desenvolvimento Metropolitano”, que será realizado por um grupo de institutos de pesquisas em cidades como Paris, Londres, Roma, Istambul, Bombaim e Pequim. O Observatório das Metrópoles contribuirá com a investigação a partir da análise do contexto brasileiro no Rio de Janeiro – no qual grandes empresas atuam nos preparativos dos megaeventos esportivos.

Coordenado por Christian Lefèvre, da Université Paris-Est Marne La Vallée, o projeto “Estado, Grandes Firmas e Governança para o Desenvolvimento Metropolitano” busca compreender a evolução da produção de estratégias e políticas que lidam com o desenvolvimento urbano na escala metropolitana. Para isso, serão investigados vários tipos de políticas e atividades: desenvolvimento econômico, infraestrutura, a elaboração de documentos de planejamento e na elaboração e produção de arranjos de governança. Sendo que o foco do projeto será os agentes econômicos, nomeadamente as grandes firmas.

A hipótese é de que as novas elites globais que estão surgindo são qualitativamente diferentes das elites tradicionais. Cada vez mais essas elites estão buscando duas coisas: (i) para que os estados aumentem suas atividades em termos dos cada vez mais complexos códigos legais e regulamentares e as despesas de bem-estar; e (ii) para que os estados em seguida convertam a formulação e implementação dessas atividades em uma série de contratos, que estas mesmas empresas podem capturar e controlar em nome dos estados.

Desse modo, as novas elites globais privadas dependem de gastos sociais. Eles não são, portanto, anti-estado e anti-regulação por si – na verdade, eles se beneficiam diretamente do aumento de gastos do Estado e estruturas regulatórias. E, no entanto suas atividades apresentam pouco de políticas urbanas delimitadas.

Tudo isso tem sido impulsionado e facilitado por uma ampla judicialização de políticas públicas e uma maior harmonização das práticas de contabilidade e de direito privado. Além disso, agências globais como as Nações Unidas e o Banco Mundial têm procurado pressionar os governos a contratualização/privatização de programas, sob os auspícios das agendas de Bom Governo. Enquanto os governos nacionais e da cidade ainda são atores essenciais, de muitas maneiras suas atividades estão se tornando divididas e entregues a uma gama de fornecedores. As implicações são profundas para o entendimento tradicional sobre o que constitui uma política democrática e do Estado-cidadão. No entanto, as geografias desses processos em diferentes cidades continuam subexploradas e esta é uma área aberta a uma contribuição real.

Assim, o projeto “Estado, Grandes Firmas e Governança para o Desenvolvimento Metropolitano” irá investigar as seguintes questões:

• A geopolítica do capitalismo regulamentar: o trabalho irá interrogar criticamente a natureza da regulação e desafiar alguns dos escritos mais crus sobre o neoliberalismo que dominam a literatura dos estudos urbanos.

• elites privadas e do caráter de privatização: análise em profundidade sobre a natureza mutável do setor privado e a forma e o caráter de privatização. Quem são essas novas elites privadas e o que eles querem fazer com os estados? Além disso, os estados estão se transformando em quê? E quais são as implicações do capitalismo regulamentar para os processos democráticos, cidadãos e da sociedade civil?

 

Observatório e o caso brasileiro

Segundo o coordenador nacional do Observatório das Metrópoles, Luiz Cesar Ribeiro, o projeto internacional é fundamental diante do contexto que vive o Brasil atualmente: dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. “Nesse caso, grandes grupos empresariais estão envolvidos na economia do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, não se vê interesse nenhum desses grupos na chamada governança metropolitana. Quer dizer, no projeto de preparação da cidade para os dois megaeventos não menciona a questão metropolitana, fala apenas do município do Rio de Janeiro. Ou seja, todos os investimentos que estão sendo feitos são pensados na escala da cidade. O que podemos afirmar agora é que há uma negligência do Governo Federal e Estadual do Rio de Janeiro para pensar os megaeventos esportivos numa escala metropolitana. Nós vamos investigar as estratégias das grandes empresas e suas relações com o poder público”, explica Ribeiro.

A próxima reunião do Grupo Internacional do projeto “Estado, Grandes Firmas e Governança para o Desenvolvimento Metropolitano” será em setembro de 2013 no Rio de Janeiro.

 

 

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Colloque Gouverner les Métropoles | Paris

Última modificação em 12-12-2012 22:48:32