A tese de Regina Helena Tunes, “Geografia da inovação. Território e inovação no Brasil do século XXI“, avança na compreensão da relação entre território e inovação. Defendida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da Universidade de São Paulo (USP), a pesquisa aponta a existência de uma diferenciação territorial da macrometrópole paulista na escala nacional quanto a existência de condições gerais de produção inovadora.
Orientada por Sandra Lencioni, a tese se relaciona com a linha de pesquisa sobre Megarregião que Lencioni coordena no âmbito do Observatório das Metrópoles.
Confira o resumo da pesquisa:
Essa pesquisa se insere na recente temática denominada de Geografia da Inovação que tem por objetivo principal compreender as relações entre território e inovação. Inovação se trata da produção de um bem ou a da prestação de um serviço novo ou substancialmente aprimorado no mercado com o objetivo de aumento da produtividade e de reprodução do capital. Compreendemos a relação entre a inovação e o território não apenas do ponto de vista da localização no território, mas sim a partir da perspectiva dos sistemas territoriais de inovação (Vale, 2012) que o território adquire protagonismo no processo de produção. Para compreendermos dessa forma dois pressupostos são importantes. Primeiro é necessário esclarecer que, dada as características da inovação brasileira (analisadas a partir dos dados do IBGE, 2013), estamos lidando com a inovação interativa (Lundvall, 2005; Méndez, 1998) que compreende a inovação como um processo baseado em relações de aprendizagem entre os agentes da inovação. Segundo, a análise da inovação interativa entende-a como um processo social e territorializado pois os processos de aprendizagem tem uma lógica territorial (Maillat, 2002) em que se evidencia um forte elo entre o território e os agentes inovativos através de relações de cooperação, concorrência e interação que ocorrem em redes e geram sinergias entre eles. As relações em rede entre os agentes inovativos no processo de aprendizagem e de inovação são denominados de redes de inovação (Maillat, 1996). O entendimento das redes de inovação passa pela compreensão da dialética rede e território que, ao contrário da interpretação hegemônica de um processo de desterritorialização e, dessa forma concordando com Haesbaert (2002), podem também evidenciar a formação de novos territórios, tanto no sentido que o autor denomina de território-rede como também na forma de um território-zona. Dada as características da inovação interativa apresentadas aqui nosso objetivo da pesquisa é analisar a formação de um território inovador no Brasil na primeira década do século XXI, momento este em que as atividades econômicas ligadas a inovação, denominada na pesquisa de economia do conhecimento (Diniz e Gonçalves, 2005), ganham forte impulso através da atuação do Estado e do capital privado inovador. A hipótese da pesquisa é que a região da macrometrópole paulista pode ser considerada o território inovador brasileiro pois essa região apresenta as condições gerais de produção que possibilitam a integração em redes distantes apoiadas pelas TICs (tecnologia de informação e comunicação) aos fluxos mundiais que interligam os grandes centros inovadores no mundo, denotando assim o caráter de território-rede, como também se configura em um território-zona pela concentração da produção inovadora nessa região na primeira década do século XXI.
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