Os Editores Científicos e a Comissão Editorial da revista Cadernos Metrópole convidam para a organização do v. 21 nº 46 os pesquisadores das diversas áreas de conhecimento, que abordam a questão urbana e regional, a enviarem textos sobre o tema:
O ativismo urbano contemporâneo:
resistências e insurgências à ordem urbana neoliberal
A globalização neoliberal vem produzindo efeitos profundos no processo de expansão acelerada da urbanização do planeta. Embora com diferenças significativas entre países centrais e periféricos, esta nova fase de acumulação capitalista pós-fordista é marcada pelo processo de financeirização da ordem econômica mundial com efeitos de reestruturação espaço-temporal. A crescente mercantilização dos espaços urbanos/metropolitanos e a transformação em ativos financeiros dos sistemas de bem-estar vinculados ao direito à cidade são evidências mundiais, embora ocorram de forma desigual, mas combinadas, nos contextos nacionais e locais. Processos de apropriação privada e captura dos espaços públicos, de aumento dos fenômenos de segregação socioespacial, de gentrificação, de periferização, de agressão ambiental e de seletividade no acesso aos bens e serviços públicos, são viabilizados pela adoção do empresariamento urbano na gestão estatal e da construção de regimes urbanos ou coalizações sociopolíticas para facilitar investimentos imobiliários como uma nova fronteira de saída da crise capitalista mundial. A cidade-mercadoria se apresenta como tendência real na produção do espaço urbano com reflexos na própria sociabilidade cotidiana, em especial nas grandes cidades e regiões metropolitanas.
Esta tendência, embora hegemônica, não é unilateral. Embora as transformações em curso afetem negativamente a cultura cívica, o associativismo e a criação de capital social, elas também produzem contradições e conflitos de variada ordem. Assim, além dos diversos agentes que persistem na ação ancorada na lógica inclusiva e democrática do direito à cidade e à cidadania (no âmbito dos sistemas político-partidário, estatal e cultural), percebe-se a emergência de um novo tipo de ações que podem representar resistências à ordem urbana ultraliberal. Ao lado dos movimentos sociais tradicionais temáticos (a exemplo da moradia e do transporte) vem emergindo no Brasil e no mundo uma variedade de formas de ação social e de distintos repertórios utilizados por diferentes atores que podem ser abrigados pela noção geral do uso público das cidades. A crise capitalista mundial de 2008 e o início do ciclo de protestos em 2013 no Brasil detonaram uma nova etapa no campo dos movimentos sociais urbanos. O caráter plural, diversificado e heterogêneo, em termos de pautas e de engajamento de grupos e classes sociais caracteriza um novo ativismo urbano.
Este número dos Cadernos Metrópole é dedicado a estudos sobre repertórios de ação, pautas e construção de narrativas por meio de casos de ativismo que representam resistências e insurgências neste momento de profundas transformações na produção e uso do espaço urbano. A publicação será mais uma contribuição do INCT Observatório das Metrópoles para explicar, compreender e refletir sobre êxitos e limites das diversas formas de ação coletiva ligadas ao direito à cidade.
Data-limite para envio dos trabalhos: 15 DE MARÇO DE 2019
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