Ocorrerá entre os dias 29 e 30 de outubro, na Universidade Federal Fluminense (UFF), o Simpósio Internacional sobre segurança pública e cidadania no Brasil e África do Sul. O evento contará com a participação de Erick Omena, pesquisador do Observatório da Metrópoles.
O simpósio busca estabelecer comparabilidades empíricas e políticas entre o Brasil e a África do Sul, partindo de uma problematização da questão da cidadania e do enraizamento dos ideais de universalidade democráticos nestes dois contextos do chamado “sul-global”, marcados por profundas desigualdades sociais, sedimentadas sobre estruturas persistentes de separação e privilégio, heranças do colonialismo europeu. Na África do Sul, pode-se dizer que a persistência da ideia de “raça” é um desafio para a universalização de direitos, desafiando o projeto de “nação arco-íris” de Nelson Mandela. E no Brasil? Que formas assumem as nossas “persistências coloniais”? Como funcionam nossos dispositivos de desigualdade na longa duração? Seria razoável, depois de quase 200 anos da “independência” do país, falar na persistência de formas coloniais no seio da sociedade democrática brasileira? Na África do Sul, país independente desde 1961, mas que viveu sob regimes de segregação desde muito antes da instalação do apartheid, em 1948, as “hierarquias raciais” ainda organizam o espaço da cidade. Essas divisões, que outrora resultavam de uma intervenção direta do Estado sul-africano na fiscalização da circulação e permanência das pessoas em áreas racialmente delimitadas, nos dias atuais, são o subproduto mais visível da operação de uma economia política do risco e dos mercados de segurança no país. O principal objetivo do evento, além de facultar a troca de impressões sobre esses cenários, é compartilhar experiências de pesquisa e formar uma rede de pessoas interessadas em trabalhar esses temas sob uma perspectiva comparada entre o Brasil e a África do Sul.