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VISTA DO AGLOMERADO SANTA LÚCIA A PARTIR DO BAIRRO CIDADE JARDIM, EM BELO HORIZONTE (MG). Foto: Catharina Gonçalves

Neste artigo Luciana Andrade e Leonardo S. Silveira exploram o possível “efeito-território” sobre a relação entre populações socialmente distantes a partir de uma pesquisa realizada no Aglomerado da Serra, segunda maior favela de Belo Horizonte, que tem como vizinhança bairros de média e alta renda. O debate relativo à organização dos territórios metropolitanos é o eixo norteador do projeto “Mudança da ordem urbana nas metrópoles brasileiras” por meio do qual o Observatório das Metrópoles irá produzir a análise mais completa sobre a evolução urbana do Brasil (1980-2010).

O projeto “Mudança da ordem urbana nas metrópoles brasileiras” representa a última etapa do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) para o Observatório das Metrópoles. Para o coordenador nacional da rede de pesquisa Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, o ciclo de cinco anos (2009-2013) vinculado ao INCT/MCTI/CNPq representou o amadurecimento do instituto a partir da consolidação de um trabalho em rede multidisciplinar, de produção de conhecimento científico, de metodologias e ferramentas para a pesquisa da questão metropolitana.  “Há quatro anos passamos a fazer parte do Programa INCT, integrando o conjunto de 123 centros de excelência em pesquisa do país. Agora estamos diante do nosso maior desafio: incorporar os dados do Censo 2010 relacionados às transformações ocorridas nas principais metrópoles na última década, e oferecer à sociedade brasileira a análise mais completa sobre a evolução urbana nos últimas 30 anos”, explica o coordenador nacional do instituto, Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro.

Desafio teórico: mudanças na ordem urbana brasileira?

Desde o começo da sua trajetória o Observatório das Metrópoles tem analisado as transformações urbanas das metrópoles a partir da ótica da mudança social. A análise, por exemplo, da década de 1980 se baseou na bibliografia internacional que defendia as transformações urbanas sob o duplo impacto da globalização econômica e da reestruturação produtiva, sendo que na sociedade brasileira prevalecia o modelo de desenvolvimento por substituição de importações. Para o decênio 1990/2000, o instituto já desenvolveu suas análises sob o prisma das mudanças urbanas decorrentes de um ajuste defensivo (nos planos do mercado e do Estado) decorrente da política de abertura da economia brasileira à competição internacional e das transformações liberais no papel do Estado.

Mas como analisar o período 2000/2010? O que diz a literatura especializada sobre esse período no Brasil? Como interpretar as mudanças econômicas (mercado de trabalho e estrutura produtiva); sócio-espaciais (segregação, desigualdades e sociabilidade) e institucionais (padrão de governança das metrópoles) desse período? No que diz respeito a esse desafio, o Observatório das Metrópoles realizou, em setembro de 2012, o Seminário “Território, Coesão Social e Governança Democrática”, no qual debateu duas hipóteses de interpretação para a mudança urbana no período 2000/2010. O objetivo: ajudar na construção coletiva de uma compreensão compartilhada da Rede e preparar os núcleos regionais para a produção da análise comparativa (1980-2010).

O projeto “Mudança da Ordem Urbana nas Metrópoles Brasileiras” começou a ser desenvolvido em setembro de 2013 e chega agora em sua reta final. Nos dias 28, 29 e 30 de março de 2014, o Comitê Gestor do INCT Observatório das Metrópoles promove um Seminário Interno reunindo os coordenadores dos 15 núcleos regionais para o refinamento da análise comparativa sobre a evolução urbana do Brasil (1980-2010).

Reprodução das Desigualdades e Efeito Território

O artigo “Efeito-território: exploração em torno de um conceito sociológico”, de Luciana Teixeira Andrade e Leonardo S. Silveira, apresenta o efeito-território dentro da literatura sociológica, oferecendo assim mais um elemento para o debate sobre a “organização social do território” presente no projeto “Mudança da Ordem Urbana nas Metrópoles Brasileiras”.

Resumo: O efeito-território é compreendido na literatura sociológica como os benefícios ou prejuízos socioeconômicos que acometem alguns grupos sociais em função da sua localização no espaço social das cidades. A hipótese sociológica a respeito do efeito-território não pressupõe uma ação determinista do espaço sobre as relações sociais, mas investiga as inter-relações entre as características dos espaços (tais como infraestrutura urbana, vizinhança, oferta de serviços) e as características dos grupos sociais (perfil do grupo e a natureza das suas interações internas e externas). O presente artigo tem como objetivo discutir o possível efeito-território sobre a relação entre populações socialmente distantes a partir de uma pesquisa realizada em uma favela de Belo Horizonte, o Aglomerado da Serra, que tem como vizinhança bairros de média e alta rendas. Por meio desse caso, pretendemos levantar as principais questões acerca do tema e investigar se a proximidade física pode propiciar efeitos positivos ou negativos a essa população e a natureza das interações sociais entre os moradores dos bairros com os da favela.

Acesse no link a seguir o artigo completo “Efeito-território: exploração em torno de um conceito sociológico”.