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Em texto para a revista Carta CapitalCelso S. Carvalho¹ do BrCidades, fala sobre os recentes episódios de desastres relacionadas com as fortes chuvas que atingiram Rio de Janeiro e São Paulo.  Segundo o autor, quase nada é natural nesses episódios: decorrem do processo privado de construção da cidade.

Os desastres construídos e a disputa entre o público e o privado

O Rio de Janeiro começou a semana com bairros inundados (principalmente nos bairros populares das zonas oeste e norte, mas também na zona sul e na Barra), túneis alagados, enxurradas nas avenidas e morros, inundações generalizadas, deslizamentos de encostas, ciclovia interrompida, escolas fechadas e mortes – 10 pessoas mortas na periferia e nas favelas. Em fevereiro deste ano, outras 7 pessoas já tinham morrido na cidade por conta das chuvas. Já a Região Metropolitana de São Paulo, por sua vez, acordou do carnaval de 2019 lamentando mais um desastre causado pelas chuvas, com bairros inundados, avenidas alagadas, linhas de trens interrompidas e mortes – 13 mortes de trabalhadores e moradores pobres das periferias.

Todo ano é o mesmo cenário, com as cidades sofrendo com os desastres denominados naturais. Nada mais falso. Nesses desastres, quase nada é natural: nem a chuva intensa, influenciada pelas ilhas de calor que se formam nos bairros sem arborização, pelo desmatamento da Amazônia e pelo aquecimento global devido a uma economia que se apoia no consumo de combustíveis fósseis; nem o escoamento das águas pela superfície impermeabilizada da cidade; nem o sistema de drenagem de águas pluviais que faz com que a água chegue rapidamente aos rios​; nem a canalização dos cursos d’água para implantação de avenidas de fundos de vale​; nem a ocupação das várzeas dos rios, por moradias e pelo sistema viário.

Confira o texto completo: CLIQUE AQUI.

¹Celso S. Carvalho é engenheiro civil, mestre e doutor em engenharia pela POLI-USP. É ex-diretor do Ministério das Cidades ( 2005 – 2014), ex-chefe da Secretaria do Patrimônio da União em Santos ( 2015-2017).