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O Observatório das Metrópole promoveu o lançamento do relatório da pesquisa Camelôs: Panorama das Condições de Trabalho de Homens e Mulheres no Centro do Rio no dia 07 de fevereiro de 2018 no Rio de Janeiro. CLIQUE AQUI para acessar o relatório.

A pesquisa, realizada em parceria com o Movimento Unido dos Camelôs (MUCA), faz parte do projeto “Morar, Trabalhar e Viver no Centro” e conta com dois vídeos de divulgação:

O Projeto “Morar, Trabalhar e Viver no Centro” é um desdobramento das pesquisas que o Observatório das Metrópoles vem realizando no Rio de Janeiro sob a perspectiva da neoliberalização da política urbana da cidade, impulsionada e legitimada pela agenda de megaeventos esportivos sediados nos últimos dez anos. Trata-se de um processo que tem como característica a privatização e elitização de determinadas porções do território, acompanhada de uma política de ordenamento urbano pautada, cada vez mais, na militarização do território.

Foram convidados Fernanda Vieira (advogada popular), Daniel Hirata (sociólogo e professor universitário), Vereador Reimont e Maria dos Camelôs (MUCA) para refletir sobre os resultados da pesquisa e apresentar suas visões sobre os desafios da categoria.

Confira os principais momentos do evento:

Orlando Santos Junior, coordenador da pesquisa, abriu o evento agradecendo aos parceiros da pesquisa, como o Movimento Unido dos Camelôs (MUCA), a Fundação Ford e a Central de Movimentos Populares (CMP).

Bruna Ribeiro, uma das pesquisadoras responsável pela pesquisa, apresentou os principais resultados do trabalho. Segundo Bruna, as demandas centrais das(os) camelôs são a disponibilização de depósitos públicos onde possam guardar as suas mercadorias e a obtenção da licença para trabalhar, denominada Taxa de Uso de Área Pública (TUAP). Sobre as TUAPs, atualmente existe uma fila de espera para obtê-la, o que tem resultado em um mercado paralelo de aluguel dessas licenças.

Maria dos Camelôs é representante do MUCA e também compôs a equipe da pesquisa. Segundo Maria, a prefeitura do Rio de Janeiro não organiza o espaço público e nem dialoga com o movimento das(os) camelôs – o único tipo de ação é a repressão e por isso existe uma enorme preocupação com a possibilidade da guarda municipal obter o uso de armas de fogo.

Daniel Hirata, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), destacou em sua fala a importância da geração de dados para a construção do debate público e a visibilidade de temas importantes, como as condições de trabalho das(os) camelôs. Segundo ele, o “ativismo dos números” é especialmente importante na conjuntura atual onde a ciência e o acesso à informação estão em risco.

Fernanda Vieira, advogada que contribui com o MUCA e outros movimentos  populares, argumentou que a(o) camelô é muitas vezes precarizado em diversos aspectos além do econômico, como a habitação, educação e saúde. Para Fernanda, a pesquisa é importante porque permite pensar como esses trabalhadores e trabalhadoras podem se organizar. O desafio, segundo ela, é aumentar a compressão a respeito da atuação de uma lógica estatal e não apenas de uma restrição ao direito individual.

Por fim, Reimont Luiz Otoni Santa Bárbara, vereador do Rio de Janeiro, destacou o mérito da pesquisa ao dialogar diretamente com a(o) camelô para a construção da política pública. Além disso, ressaltou que tanto o MUCA quanto o Observatório das Metrópoles tem papel fundamental na promoção do debate e no fortalecimento das demandas das(os) camelôs.