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Nos dias 26 e 27 de julho de 2019 ocorreu em Fortaleza/CE um intercâmbio realizado a partir da parceria entre o Conselho Popular do Serviluz¹ e o Laboratório de Estudos da Habitação – LEHAB/UFC, que integra a rede do Observatório das Metrópoles, com foco na reflexão e construção de estratégias de planejamento em situação de conflito. Destacando o poder das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), instrumento que tem sido utilizado na luta por moradia digna na capital, o evento contou com a participação de Sandra Maria, moradora da comunidade Vila Autódromo no Rio de Janeiro. A atividade foi apoiada pela chamada pública da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político, com contribuição da União Européia.

Foto de Valéria Pinheiro

A sexta-feira (26) contemplou um momento de diálogo alcançando além das comunidades afetadas por remoções também o corpo discente da universidade, no auditório da Reitoria da UFC. Junto da moradora do Titanzinho/Serviluz, Priscila Sousa, o evento proporcionou um paralelo entre os cenários da política urbana no Rio de Janeiro e em Fortaleza a partir dos relatos feitos por Sandra Maria, onde pode-se perceber semelhanças que vão desde as remoções violentas e estratégias de assédio aos moradores até a obscuridade dos projetos de reassentamento e falta de cobertura da mídia “oficial”.

No sábado (27) foi realizada uma oficina de Planejamento em Situações de Conflito na qual estiveram presentes moradores de dezoito comunidades da cidade, além de membros de algumas assessorias técnicas com atuação na pauta. No início da oficina cada um dos participantes falou como a história de suas vidas surge e se solidifica no território de suas comunidades, apresentando um objeto que representasse essa relação, na perspectiva de um museu de remoções.

No decorrer da oficina foram realizadas dinâmicas de reconhecimento das ameaças e apoios que cada comunidade recebe, destacando-se a repetição dos agentes em ambos os lados, figurando o poder público, em suas várias esferas, o campo da ameaça. Também foi possível identificar o quanto os moradores encontram em outras comunidades, grupos da universidade e ONGs o apoio necessário para permanecer na luta.

Ao final da oficina, os moradores propuseram uma variedade de princípios que consideram importantes para a elaboração de um Plano Popular, compreendendo inclusive eixos para além do habitacional. O momento foi avaliado como importante na luta por permanência e melhoria, aprofundamento a capacidade de resistência e proposição de alternativas dos presentes.

Foto de Priscilla Sousa

¹ O Conselho Popular do Serviluz é uma articulação comunitária que reúne moradores de todas as “áreas” do bairro: Titanzinho, Farol, Estiva, Ponta Mar, Praça São Francisco, Raízes da Praia etc. Os representantes das comunidades, bem como as propostas e lutas, do Conselho Popular do Serviluz são definidos em Assembleias Comunitárias. 

**Texto escrito por Laryssa Figueiredo, pesquisadora do Observatório das Metrópoles e do Observatório das Remoções.