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Governança urbana e pós-graduação: formação de saberes sobre a cidade

By 02/05/2012dezembro 7th, 2017Notícias
Governança urbana e pós-graduação: formação de saberes sobre a cidade
 Governança urbana e pós-graduação: formação de saberes sobre a cidade 

O Brasil é uma sociedade cada vez mais urbana. De acordo com o IBGE, mais de 80% da população brasileira está concentrada nas cidades, sendo que o conjunto dos aglomerados urbanos com características metropolitanas responde pela absorção de quase metade da população total brasileira (48%). Apesar dessa realidade, o País tem-se mostrado despreparado para enfrentar os desafios urbanos e carente de profissionais aptos a pensar a cidade numa dimensão multidimensional e interdisciplinar. Parte do problema pode ser explicado pela fragmentação da organização científica e acadêmica de produção de conhecimento e inovação.

A atuação sobre os desafios desta sociedade urbana exige um conhecimento que supere a fragmentação disciplinar, em razão do caráter sistêmico desses problemas.  A análise das áreas de atuação do CNPq e Capes indica a atomização dos saberes necessários à gestão das cidades brasileiras. O leitor pode encontrar a imagem  desta pulverização consultando o diagrama das subáreas do CNPq/Capes que deveriam estar mobilizadas de maneira articulada para a produção do adequando saber urbano. A segunda causa é a inexistência da formação desde a graduação do profissional da cidade.

Para discutir o tema, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) irá realizar, no próximo dia 07 de maio, o seminário internacional “A Metropolização Brasileira e os Desafios da Gestão Urbana: o papel da Pós-graduação”. Dentre os objetivos do evento, destaque para o fomento das discussões acerca dos desafios da atual sociedade brasileira.

Por sua parte, o INCT Observatório das Metrópoles também tem incentivado, nos últimos anos, o debate sobre a necessidade de formação de profissionais capazes de pensar a gestão das cidades de forma integrada. Em março de 2011, o instituto participou do evento “IBAS Workshop”, em Cape Town/África do Sul, onde conheceu a proposta inovadora do Indian Institute for Human Settlements (IIHS) ( http://www.iihs.co.in) que visa criar a primeira universidade nacional da Índia centrada nos desafios da urbanização. A ideia do IIHS é oferecer um programa integrado de educação, investigação e geração de conhecimento, treinamento executivo, aprendizagem à distância, serviços de desenho e consultoria, advocacia e a intervenção de alta qualidade com foco na administração de assentamentos urbanos.

Em maio daquele ano, o Observatório e a Universidade Federal do ABC promoveram a vinda do diretor do IIHS, Aromar Revi, para participar de um encontro na Capes, em Brasília, onde se discutiu a constituição de um projeto cooperativo entre Índia, Brasil e África do Sul sobre o tema do ensino e da pesquisa em planejamento urbano. Revi fez uma análise da situação crítica do cenário urbano atual da Índia, o qual será agravado por um crescimento demográfico de grande proporção nas cidades, calculado pelo acréscimo de 500 milhões de pessoas nas próximas duas décadas. Segundo ele, existe um plano da iniciativa privada indiana, e que conta com apoio governamental, de formar até 2031, em alto grau de qualidade e numa perspectiva interdisciplinar, cem mil profissionais para atuar como gestores e empreendedores dedicados ao planejamento, desenvolvimento e gerenciamento das metrópoles, cidades e vilarejos na Índia.

O projeto da IIHS faz parte dessa meta nacional, pois vislumbra a estruturação de uma instituição, globalmente reconhecida de educação e investigação aplicada em pé de igualdade com os renomados Institutos Indianos de Tecnologia (IITs) e Institutos Indianos de Administração (IIMs), e, comprometida com a criação e administração de assentamentos urbanos, regiões e povoações, eqüitativos, eficazes, rentáveis e sustentáveis.

Infelizmente, enquanto os intelectuais indianos veem a questão urbana como o principal desafio para o futuro, no Brasil o poder público tem dado ainda pouca atenção à gestão estratégica das cidades. Sendo que a temática metropolitana ainda continua praticamente ausente das ações dos executivos nas três esferas de poder, bem como nas casas legislativas em todo o país.