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Refletir sobre a concentração da inovação da megarregião a partir de condições gerais de produção, que necessitam de recursos de território e conhecimento. Este é o objetivo da pesquisa Geografia da inovação e do conhecimento em uma perspectiva crítica, elaborado pela professora de geografia do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Regina Tunes, e apresentada na última segunda-feira, 19, no Rio de Janeiro.

“A inovação tem capacidade de integrar setores e expandir a relação. É uma atividade econômica importante”, ressaltou a professora. Ela explica que a inovação não deve ser, necessariamente, caracterizada pela alta tecnologia, pois inovações podem ocorrer em processos organizacionais e de compra, como é o caso do iFood, por exemplo. “A ideia da inovação está ligada à troca de conhecimentos, com diferentes interações até chegar ao produto finalizado. É mais presente na economia mundial e atualmente se reveste com velocidade”, esclareceu Tunes.

Segundo a pesquisadora, a inovação brasileira se caracteriza pela informalidade do processo de aprendizagem, pela caracterização da inovação como incremental e pelo predomínio da aprendizagem baseada em relações de interação e cooperação que definem o modelo da inovação interativa no Brasil. Abaixo, os elementos fundantes do processo de inovação brasileiro.

  • Incremental: se caracteriza por pequenas mudanças no produto e/ou no processo de produção que permitem a melhoria na qualidade do produto ou na diminuição dos custos e aumento da produtividade;
  • Informal: forma como as empresas realizam as inovações incrementais, muito mais relacionadas com a redução de custos através do aprofundamento da divisão social do trabalho e de relações de aprendizagem que não passam necessariamente pelos departamentos de P&D;
  • Cooperação e Interação: resultado do aprofundamento da divisão social do trabalho em que capital e sociedade interagem a partir de diversos agentes. Tem como fundamento a ideia de complementaridade da produção.

No ranking das cidades mais inovadoras do mundo, em primeiro lugar está São Francisco, nos Estados Unidos. No Brasil, São Paulo figura em 63° e, em 128° lugar, o Rio de Janeiro. No estado de São Paulo, as maiores taxas de inovação, por mesorregiões, estão em Marília, Campinas e Araraquara. Essa taxa de inovação é calculada a partir das respostas individuais das firmas ao questionário da PINTEC, que formam o indicador “empresas que implementaram inovações de produto e/ou processo” (em determinado período), esse número resultante é dividido pelo indicador “total de empresas” e o resultado é apresentado em percentual como sendo a taxa de inovação.

Como principais desafios para a continuidade da pesquisa está o acesso aos dados da Pesquisa de Inovação (PINTEC) por mesorregiões e a análise das redes, fluxos e conexões da megarregião com a economia global. “A partir da análise desses dados e em conjunto com as demais referências analíticas, poderemos repensar os limites da megarregião”, afirmou Regina Tunes.

Megarregião

Tunes também integra a pesquisa sobre Megarregião desenvolvida atualmente no Observatório das Metrópoles e coordenada por Sandra Lencioni (USP), que busca discutir o limite da megarregião Rio/São Paulo e adjacências, de acordo com referenciais analíticos.

Sua tese de doutorado, Geografia da inovação. Território e inovação no Brasil do século XXI, aponta a existência de uma diferenciação territorial da macrometrópole paulista na escala nacional quanto a existência de condições gerais de produção inovadora. O trabalho virou livro e está disponível para consulta em nossa Biblioteca Digital (clique aqui).