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A cidade perversa e o esgotamento do prazer | e-metropolis 07

Neste ensaio a filósofa Olgária Matos estabelece um panorama das transformações na sociabilidade ocasionadas pelo estabelecimento do dinheiro como ideal de toda a civilização, com a consequente preponderância dos aspectos materiais sobre quaisquer outros na constituição dos laços sociais. Apresentado durante o seminário “Simmel: a vida mental na metrópole contemporânea”, o trabalho de Olgária é um dos destaques da sétima edição da revista eletrônica e-metropolis, publicação trimestral editada por alunos de pós-graduação de programas vinculados ao INCT Observatório das Metrópoles.

A revista e-metropolis tem como objetivo suscitar o debate e incentivar a divulgação de trabalhos, ensaios, resenhas, resultados parciais de pesquisas e propostas teórico-metodológicas relacionados à dinâmica da vida urbana contemporânea e áreas afins. Nesta sétima edição, os alunos e pesquisadores do IPPUR que fazem parte do comitê editorial da revista homenageiam a professora Ana Clara Torres Ribeiro, com a ilustração de capa. Ana Clara foi uma pensadora das cidades. Mais que isso, uma apaixonada pelos múltiplos temas que o espaço urbano pode acolher, e igualmente apaixonada por transmiti-los e discuti-los com seus inúmeros alunos.

Além da homenagem e do ensaio de Olgária Matos, a e-metropolis traz o artigo “É possível pedalar nas metrópoles?” do geógrafo Luís Antonio de Andrade e Silva, que faz um estudo de Curitiba e, mais especificamente, da recém implantada “Linha Verde” – o artigo investiga a possibilidade de adoção do uso da bicicleta como meio de transporte nas grandes capitais.  A mobilidade urbana também é o foco do artigo seguinte, da pesquisadora Érica Tavares da Silva, que se intitula “Movimentos populacionais metropolitanos e algumas relações socioespaciais”. Ao longo do texto, Érica explora algumas lógicas possíveis para os movimentos da população no espaço urbano, determinando os fatores de motivação a que estes movimentos aconteçam e estabelecendo as relações existentes entre estes deslocamentos intrametropolitanos e os movimentos pendulares.

Ainda dentro da temática da mobilidade, e com foco nos megaeventos que acontecerão no Brasil nos próximos anos, a doutoranda em Ciências Sociais Renata Florentino se questiona: “Como transformar o direito à mobilidade em indicadores de políticas públicas?”. Detectando os volumosos recursos que serão direcionados às políticas de mobilidade urbana, a pesquisadora questiona o impacto destes projetos e tenta delinear critérios para o seu estabelecimento que fujam do foco comum do city marketing e tentem apresentar uma visão mais abrangente ao tema.

No último artigo desta edição, a professora Raewyn Connell, da Universidade de Sydney, trata dos conceitos de periferia e metrópole na história da sociologia, ressaltando as contribuições que este campo de conhecimento pode apresentar para o fortalecimento dos movimentos e processos democráticos, através de um olhar que atravesse e dialogue com diversas culturas.

Na entrevista desta edição, trazemos as considerações do sociólogo Manuel Villaverde, diretor do recém criado Instituto do Envelhecimento da Universidade de Lisboa. Com uma população mundial cuja média de idade aumenta cada vez mais, Villaverde nos alerta para a crescente necessidade de estudos nesta área, em especial aqueles que se situem no cruzamento entre o processo de envelhecimento e a sua consequência para as formas de vida urbanas.

Em uma das resenhas temos como objeto um livro que nos traz diretamente para o tema dos megaeventos, “Olympic dreams: the impact of Mega-Events on local politics”. Nesta publicação os autores desenvolvem três estudos de caso a respeito de megaeventos norte-americanos para investigar quais os seus desdobramentos na esfera da política local. Na outra resenha, que se debruça sobre o texto de Erik Swyngedouw, “The post-political city”, é levantada a discussão sobre que sentidos os termos ‘cidade’ e ‘política’ tomam nos debates contemporâneos que versam a respeito do desenvolvimento de políticas urbanas.

Por fim, dentro da política editorial da revista, que é a de abrir espaço para contribuições que escapem dos moldes que delimitam os textos acadêmicos, permitindo novos formatos ao pensamento, e que, ao mesmo tempo, ofereçam aos estudantes de pós-graduação uma oportunidade para darem os primeiros passos de divulgação das suas pesquisas, esta sétima edição traz a contribuição de duas estudantes de Planejamento Urbano do IPPUR/UFRJ. A primeira delas, na forma de ensaio fotográfico, traz o olhar da mestranda Vanessa Duarte Ferreira sobre o cotidiano da tradicional Praça Afonso Pena, no bairro carioca da Tijuca. A segunda, que se transformou na seção especial desta edição, toma a forma de um original “Guia de ventos” da capital do Rio de Janeiro, desenvolvido por Ticianne Ribeiro como parte das atividades de sua especialização.