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O Brasil é o país das Américas onde mais se matam defensores dos direitos humanos, segundo um relatório da Anistia Internacional divulgado em fevereiro de 2018. O relatório chama atenção para o aumento dos assassinatos de defensores de direitos humanos nos últimos três anos. Até agosto de 2017, 62 ativistas foram assassinados.

https://anistia.org.br/noticias/brasil-lidera-numero-de-assassinatos-de-diversos-grupos-de-pessoas-em-2017-aponta-anistia-internacional-em-novo-relatorio/

Em 2014, cento e trinta e seis ativistas foram mortos no mundo todo. Em 2015, o número subiu para cento e cinquenta e seis. E no ano de 2016, aumentou em 80%, chegando a duzentos e oitenta um assassinatos.

Entre as vítimas estão defensores do meio ambiente e do direito à terra, advogados e líderes comunitários que defendiam o direito das mulheres e de grupos LGBT, ou que combatiam a exploração sexual. O relatório também considerou a morte de 48 jornalistas, em 2016, que atuavam em áreas de conflito ou dominadas pelo crime organizado.

Nas Américas, 75% das mortes em 2016 ocorreram no Brasil, apontado pelo estudo como o país mais perigoso para defensores de direitos humanos na região. Em 2016, sessenta e seis ativistas foram assassinados. De janeiro a agosto de 2017, o número chegou a 58.

Segundo a Anistia, a sensação de impunidade também estimula o aumento da violência contra os defensores. “Está passando uma mensagem de que tudo bem ameaçar o defensor, que tudo bem atacá-lo ou matá-lo porque isso não vai ser responsabilizado”, completa Renata.

MAIS UM CASO VIOLENTO

Na última quarta-feira (14 de março de 2018), no centro do Rio de Janeiro, a vereadora Marielle Franco, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi morta a tiros dentro do carro quando voltava para casa após participar de um evento chamado “Jovens negras movendo as estruturas”.

No veículo também estavam o motorista Anderson Pedro Gomes, que morreu baleado, e a assessora de Marielle foi atingida por estilhaços, levada ao hospital e liberada.

Segundo as primeiras informações da polícia, bandidos em um carro emparelharam ao lado do veículo onde estava a vereadora e dispararam. Marielle foi atingida com pelo menos quatro tiros na cabeça. A perícia encontrou nove cápsulas no local. Os criminosos fugiram sem levar nada. A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios é execução.

Marielle era mulher, negra, mãe, socióloga, nascida no Complexo da Maré (uma das áreas mais violentas do Rio de Janeiro) e defensora dos direitos humanos. Sua luta era especialmente pelos direitos das mulheres negras, dos moradores de favelas e periferias e na denúncia da violência policial. Também atuava como relatora da comissão do Conselho criado para fiscalizar operações policiais após o início da intervenção do Exército na segurança pública do Rio.

No dia anterior ao seu assassinato, a ativista reclamou da violência na cidade e questionou a ação da Polícia Militar. “Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”, dizia na postagem.

Já no sábado passado (10 de março), Marielle chamou o 41º Batalhão de Polícia Militar de “Batalhão da morte” na mesma rede social. “O que está acontecendo agora em Acari é um absurdo! E acontece desde sempre! O 41° batalhão da PM é conhecido como Batalhão da morte. CHEGA de esculachar a população! CHEGA de matarem nossos jovens”, escreveu ela.

Sobre o caso de Mariella, a Anistia Internacional exigiu “uma investigação imediata e rigorosa” do crime. “O Estado, através dos diversos órgãos competentes, deve garantir uma investigação imediata e rigorosa do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e defensora dos direitos humanos Marielle Franco”, destaca a entidade em nota.

Para mais informações, acesse o site da Anistia Internacional.

https://anistia.org.br/noticias/nota-urgente-justica-para-marielle-franco/

***Com informações da Anistia Internacional, blog CSL e G1.