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O INCT Observatório das Metrópoles divulga o artigo “Valor inexplicável e altíssimo na conta de luz ameaça Rio das Pedras, amplia medo de remoção” publicado no site da organização Rio On Watch — responsável por monitorar as políticas públicas nas favelas cariocas e dar visibilidade às lutas por direitos nesses territórios.

Neste texto assinado por Tyler Strobl, a organização mostra que a comunidade de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, vem sofrendo pressões por parte do Prefeito Marcelo Crivella que pretende implementar um projeto de verticalização para substituir casas existentes por prédios de apartamentos.

A pressão agora é relativa aos serviços públicos urbanos, mais especificamente a conta de energia elétrica. Segundo a reportagem em 2015 a Light incorporou o bairro em sua rede do projeto Comunidade Eficiente com o objetivo de levar energia estável e eficiente para um bairro que muitas vezes experimentava cortes de energia e escassez. No início, a empresa prometeu uma taxa fixa (tarifa social) de R$50 por mês. No entanto, os moradores perceberam rapidamente um enorme aumento nos custos. E o custo continuou altíssimo desde então.

Poucas semanas após o início de 2018, os moradores ficaram chocados ao receber contas chegando a R$400, R$500, R$600, ou até mais. Um morador publicou uma foto no Facebook de uma conta da Light de mais de R$1.000. Isso para uma quitinete.

Veja a reportagem completa abaixo.

E conheça o trabalho da Rio On Watch.

 

VALOR INEXPLICÁVEL E ALTÍSSIMO NA CONTA DE LUZ AMEAÇA RIO DAS PEDRAS, AMPLIA MEDO DE REMOÇÃO

O último ano, 2017, trouxe uma enorme pressão para Rio das Pedras, na Zona Oeste, na medida em que o Plano Estratégico do Prefeito Crivella a marcou para um projeto de verticalização, para substituir casas existentes por prédios de apartamentos. Poucas semanas após o ano novo, os moradores estão novamente pressionados, desta vez pela Light. Depois de aproveitar o feriado com suas famílias e amigos, os moradores ficaram chocados ao receber contas chegando a R$400, R$500, R$600, ou até mais. Um morador publicou uma foto no Facebook de uma conta da Light de mais de R$1.000. Isso para uma quitinete.

É importante notar que este tem sido um fenômeno comum nos últimos anos. Favelas em todo o Rio de Janeiro que receberam novos sistemas de medição elétrica sofreram, em seguida, um aumento dos preços da eletricidade. No caso de Rio das Pedras, no entanto, esse pesado fardo financeiro está aumentando o medo dos moradores de que, apesar de dizer que não haverá remoção, a prefeitura ainda planeja nivelar e reconstruir o bairro, deixando vulneráveis ​​os moradores existentes. E dado o histórico da prefeitura de incutir medo e desespero em desligar as luzes para minar a determinação das comunidades que ela procura desalojar, a relação entre o acesso à serviços e a remoção já é bem conhecida.

“As contas [de luz] estão vindo mais altas do que os próprios alugueis da comunidade. Tá muito difícil porque as pessoas não usam ar condicionado, a maioria sai para trabalhar de manhã e volta a noite. Não é queixa isolada de um ou dois moradores, é da maioria dos moradores se não todos”, observou Andréia Ferreira, membro da nova Comissão de Moradores de Rio das Pedras que se formou para combater a ameaça da remoção. “Algumas pessoas já saíram de Rio das Pedras porque não estão conseguindo pagar, muitas estão vivendo nas escuras.”

Depois de começar a regularizar a rede elétrica de Rio das Pedras em 2014, a Light incorporou o bairro em sua rede do projeto Comunidade Eficiente em março de 2015, num esforço que Evandro Teixeira Tavares, membro da Comissão de Moradores de Rio das Pedras, diz ter custado R$85 milhões. O objetivo era trazer energia estável e eficiente para um bairro que muitas vezes experimentava cortes de energia e escassez. No início, a empresa prometeu uma taxa fixa de R$50 por mês. No entanto, os moradores perceberam rapidamente um enorme aumento nos custos. O custo continuou altíssimo desde então.

“Inicialmente, nós fomos informados que teríamos uma taxa única, uma tarifa social, que seria R$50 mensais. Nós fomos enganados, por que isso nunca aconteceu, nunca uma conta veio nesse valor.” Ferreira continuou a explicar que os moradores também pagam a taxa de luz para iluminar as ruas da comunidade, mas não sabem onde esse dinheiro está sendo investido. “Se você entra nos becos e vielas no Rio das Pedras, estão todos às escuras.” Pela análise da Comissão, os moradores de Rio das Pedras estão pagando contas de luz que dobram, triplicam e quadruplicam em relação aos preços de outros bairros, e apesar disso eles ainda não recebem um bom serviço, e algumas famílias estão tendo que enfrentar medidas extremas para conseguirem permanecer na comunidade.

Alguns moradores entraram com processos legais contra a Light, mas ainda não tiveram nenhum resultado. A Comissão de Moradores de Rio das Pedras entrou como mediadora e vem reunindo reclamações para levar à Light. O principal objetivo da Comissão é remover os medidores que os moradores acreditam estarem com defeitos e aumentando os preços. No entanto, eles também acreditam que o problema é mais profundo do que apenas equipamentos com mal funcionamento. “O mais grave é que a gente entende que tudo isso faz parte de um plano perverso, um plano de limpeza social. Eu acredito que tudo isso é intencional. Eles estão trabalhando, focado em tirar os moradores de Rio das Pedras, a qualquer custo”, refletiu Ferreira.

A Comissão de Moradores de Rio das Pedras liderará um protesto no bairro amanhã, dia 31 de janeiro, contra os abusos de preços da Light.